Durante a apresentação do parecer que pede a cassação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o relator do caso, Cezar Schirmer (PMDB-RS), fez questão de ressaltar a proximidade do ex-presidente da Câmara com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Em instantes, o petista será julgado em Plenário.
Schirmer resgatou que João Paulo, mesmo sem nenhum concorrente na disputa pela presidência da Câmara em 2003, contratou a SMP&B de Valério por R$ 150 mil para fazer sua campanha. Semanas depois, foi presenteado com uma caneta MontBlanc pelo empresário mineiro.
Em seguida, Schirmer lembrou o encontro de João Paulo com Valério para um café da manhã na residência oficial da Câmara, em 3 de setembro de 2003.
No dia seguinte, Márcia Regina Milanesi, esposa do parlamentar, sacou R$ 50 mil das contas do empresário mineiro no Banco Rural em Brasília. Dez dias após a transação, em 14 de setembro de 2003 a SMP&B de Valério venceu uma concorrência para prestar serviço à Câmara.
No início da crise, quando o nome de Márcia apareceu na lista dos que estiveram no Banco Rural em 2003 e 2004, João Paulo afirmou que a esposa fora ao banco para corrigir erros na fatura da TV à Cabo. O relatório de Schirmer desconstrói a versão.
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Segundo o relator, a fatura da operadora de TV foi emitida em São Paulo no dia 2 de setembro de 2003 e remetida pelos Correios no dia seguinte. “Na melhor das hipóteses, só poderia ter chegado em Brasília no dia 4”, afirmou o relator.
Schirmer atentou ainda para o fato de que a esposa de João Paulo esteve no Banco Rural no dia 3 de setembro às 16h58, quando o expediente já havia encerrado. “Ninguém vai ao banco fora do expediente para reclamar da conta de TV à Cabo. O propósito único foi o de sacar R$ 50 mil”, expôs o relator.
Notas fiscais
Após admitir o saque nas contas de Valério, o deputado petista justificou que o dinheiro fora usado para pagar pesquisas eleitorais de candidatos do partido da região de Osasco. Para justificar a versão, o deputado apresentou três notas fiscais datadas de 10 e 30 de setembro e 19 de dezembro de 2003.
Segundo o relatório de Schirmer, a Secretária de Fazenda estadual informou que o imposto sobre as notas fiscais só foi pago pela Datavale, responsável pelas pesquisas, em julho do ano passado. A empresa informou não ter emitido outras notas fiscais do mesmo bloco do qual foram retiradas as das pesquisas de João Paulo.
“Apenas três notas do mesmo bloco em três anos e os impostos só foram recolhidos quando a crise política veio à tona. Isso evidencia uma montagem para que o acusado justificasse a versão (das pesquisas)”, declarou Schirmer.
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