Em discurso um tanto saudosista, o candidato do PMDB à presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o fato de estar disputando o retorno ao cargo (ele já presidiu a Casa por duas vezes), com a idade que tem é uma “homenagem à democracia”, e que estão errados os que o consideram “velho” para a atividade política.
“Acho que ser velho e estar disputando aqui a presidência do Senado é uma homenagem à democracia”, discursou o cacique do PMDB, acrescentando que “o espírito público não envelhece”. “Sinto-me como um jovem.”
Sarney rebateu as críticas de que representaria “retrocesso” para o Senado, e alegou que foi “chamado a servir de alguma maneira” – referência à pressão que teria sofrido pelo PMDB e setores da oposição. “Não me chamem de velho que não tem gosto pela inovação. Não posso achar justa a afirmação de que é um retrocesso o fato de que volte a presidir o Senado”, reclamou o senador, alegando que participou de vários projetos de informatização dos gabinetes e outros setores da instituição.
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Com menções recorrentes à crise econômica em curso, Sarney disse que, uma vez eleito, criaria uma "comissão permanente de acompanhamento da crise financeira internacional" – para o senador, “uma das maiores, se não a maior já enfrentada pela humanidade”. Além disso, prometeu promover corte de 10% no orçamento do Senado e implementar políticas de atenção à ecologia (com prédios e repartições “ecologicamente perfeitos").
Ressaltando sua trajetória na Casa, desde à época em que “se usava chapéu” – explicando o termo “chapelaria” do Senado (área de embarque e desembarque de senadores) -, Sarney se disse “humilde” e de boa relação entre os pares, e que apenas “uma coisa” não havia conseguido realizar na Casa. “Só não consegui fazer uma coisa no Senado: durante 50 anos, não consegui fazer um inimigo, um desafeto”.
E finalizou com tom eleitoral. “Estou sendo levado pelo destino. É uma homenagem que faço, velho, mas com a mesma vontade, o mesmo desejo, e pedindo voto dos senadores”, concluiu Sarney, no que foi aplaudido de pé (apenas) pelo colega de partido Wellington Salgado (MG). (Fábio Góis)