Congresso em Foco – O que esperar do depoimento do contraventor Carlinhos?
Carlos Sampaio – Ele vai falar aquilo que convier a ele e não aquilo que ajude no contexto probatório, não. Vai seguir a orientação do advogado e vai falar aquilo que convier a ele.
A linha não é esperar muito dos depoimentos…
Os depoimentos em geral eu até que espero. O dele não. Como ele está muito bem alicerçado e a defesa é muito bem constituída [o advogado de Cachoeira é Márcio Thomaz Bastos, o ex-ministro da Justiça do governo Lula], acho que vai optar pelo caminho da autodefesa e não da fala.
Silêncio, tergiversar…
Ou falar o que convém a ele.
Por exemplo?
Não sei. Aquilo que for do interesse dele: “Nesse caso, não. Nesse caso eu agi assim. Não foi uma atuação criminosa, foi uma atuação empresarial”. Ele vai tentar falar o que convém a ele. Não sei o quê. Duvido que ele fale algo que possa acrescentar ao contexto probatório.
O que essa CPI pode acrescentar de novo, já que existe uma investigação anterior sobre uma quadrilha, digamos, de bandidos comuns e pontas de relação do chefe dessa quadrilha com políticos?
A gente tem que ter uma criatividade investigativa e trilhar caminhos da investigação técnica para que a gente possa cumprir o papel da CPI, que é apresentar provas novas e não continuar repassando ou repisando provas já realizadas.
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O senador Pedro Taques (PDT-MT) diz que é preciso investigar governadores, senadores e deputados (https://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/manchetes-anteriores/temos-de-investigar-deputados-diz-senador-da-cpi/). Isso está acontecendo?
Não, não, não. Vai acontecer. Existe um plano de trabalho que foi aprovado. O plano de trabalho está sendo cumprido. Estamos ouvindo primeiro as pessoas que participaram da investigação. Num segundo momento, o núcleo criminoso [Cachoeira, seus comparsas e os policiais corruptos no esquema de exploração de jogos de azar e máquinas caça níqueis]. Para daí, quando formos inquirir deputados, senadores ou governadores, nós já tenhamos uma gama de informação necessária. O roteiro está correto. Primeiro ouve-se a peça acusatória e depois se vai ouvir os envolvidos.
Aí avança?
Aí avança, mas eu acho que tem que cumprir essa etapa.
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