Um dos líderes partidários que votaram a favor do reajuste de 91% dos salários dos parlamentares, o deputado José Múcio (PTB-PE) afirma que os atuais vencimentos, na casa dos R$ 12 mil, afastam os “homens sérios” do Congresso Nacional.
Em entrevista à repórter Rosa Costa, do jornal O Estado de S. Paulo, Múcio disse que, sem aumento salarial, a Câmara e o Senado correm o risco de atrair apenas parlamentares interessados em se valer do mandato para atividades desonestas.
Levantamento feito pelo Congresso em Foco mostra que 189 parlamentares federais respondem ou responderam a denúncias criminais durante a atual legislatura. Incluindo ex-parlamentares, o número sobe para 206 (leia mais).
Na avaliação do líder do PTB, não há motivo para o Legislativo optar por uma remuneração menor do que a do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Judiciário. “Eu acho é que preciso acabar com a hipocrisia de se discutir salário de parlamentar”, diz Múcio.
“Eu sempre achei que esta Casa tem dois tipos de ameaça. Uma é daqueles parlamentares mal-intencionados, que vêm para cá cobrar pelas emendas do Orçamento, que levam vantagem, representam grupos econômicos e são desonestos. O outro risco é o da evasão de homens sérios, que não têm nenhum desvio. Mas, com a remuneração de hoje, não podem continuar aqui porque recebem menos do que um promotor da menor comarca, menos do que um juiz na carreira inicial. O salário líquido de um deputado não ultrapassa R$ 8,5 mil”, afirmou.
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