Tenho quase certeza de que sou o maior colecionador, em Brasília, de camisas do Alecrim Futebol Clube: time que mais representa a Cidade do Natal, em geral, e o tradicional bairro comercial da capital potiguar, em particular. Nelson Rodrigues que me perdoe, mas quem tem realmente vocação para a eternidade é o Alecrim, que comemora nesta sexta-feira 99 anos de existência.
Possuo quatro camisas da equipe de futebol e uma, devidamente autografada, do Rugby. Esta foi dada pelo meu irmão há dois anos, como presente natalino, depois que ficamos em segundo lugar na Copa do Brasil. Nossos heróis adiaram a vitória para o Indaiatuba, em São Paulo, num confronto que bem que poderia virar filme. Mas o assunto é futebol…
Os tradicionais parabéns são mais do que merecidos para essa agremiação que disputa o mais agreste dos campeonatos: o da sobrevivência. Enquanto outros clubes se engalfinham em busca de troféus e direitos de imagem, o Alecrim segue na legítima luta para existir. E existiremos.
O mais importante jogador de futebol do planeta, Garrincha, vestiu a camisa do Alecrim numa partida amistosa contra um clube pernambucano. O ex-presidente Café Filho, que assumiu a presidência depois do suicídio de Getúlio Vargas e impediu uma crise institucional sem precedentes para o Brasil, fundou e foi goleiro do Alecrim. Nosso hino, até onde eu sei, é o único cantado por mulheres.
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Câmara Cascudo, o mais importante folclorista que o país produziu, escreveu: “Numa cidade chamada Natal existe um povo chamado ABC”. Mas deveria ter complementado: “E um pedaço de chão chamado Alecrim”. Pedaço de chão este que é revestido, recheado, entupido de esperança e legitimidade.
Triste daquele amante, até mesmo do esporte, que é induzido a ofertar suas preces e insônias motivado por cifras milionárias e títulos corriqueiros. Ao contrário de tanta coisa por aí, o amor é um fim em si mesmo. E precisa sê-lo.
PublicidadeEm matéria de futebol, existe uma certeza mais do que inapelável: o Alecrim Futebol Clube resistirá a toda e qualquer provação porque há um lastro de energia terna, uma plataforma de luz que o conduzirá à eternidade. E é assim que deve ser. Infinitamente.
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