A senadora Roseana Sarney, candidata derrotada ao governo do Maranhão, pediu ontem sua desfiliação do PFL. De acordo com o presidente nacional do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), a carta foi entregue ao diretório regional do Maranhão. "Fui comunicado do seu desligamento, e que ela também enviou uma carta para mim, mas ainda não a li. Segundo o senador catarinense, a atitude da senadora maranhense já era esperada dentro do partido."É um ato de dignidade", afirmou Bornhausen. Roseana deve ir para o PMDB. Ela deve ser seguida pelo senador eleito Epitácio Cafeteira (PTB-MA).
Clodovil rebate acusações de racismo
Depois de ter sido acusado de racismo após uma entrevista à Rádio Tupi, na última semana, o deputado eleito Clodovil Hernandes (PTC-SP) disse ontem que foi mal compreendido. Na entrevista, realizada na sexta-feira passada, o apresentador de TV afirmou que os judeus manipularam o holocausto e que os americanos forjaram o atentado de 11 de setembro de 2001.
Clodovil também chegou a declarar que da última vez em que visitou os Estado Unidos se sentiu ofendido ao ser abordado por um guarda negro na alfândega. O deputado eleito chamou o policial de "crioulo" durante a entrevista.
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"Não foi assim que foi dito, não foi assim que foi feito. Não vou me defender de nada, não nego nada nem afirmo nada, mas eu jamais diria isto". Clodovil garantiu que não irá se preocupar com o assunto. "Só presto contas a Deus, não vou me envolver com esta questão porque não tenho nada a ver com ela".
O apresentador de televisão declarou que o deputado Walter Feldman (PSDB-SP) foi o responsável pela confusão. "Se ele (Feldman) for feliz me prejudicando, para ele talvez seja bom, ninguém conhece ele, ele que conte a sua história. Se ele quiser a minha impugnação, entrego pra ele de presente".
A Federação Israelita do Rio de Janeiro entrou com uma interpelação judicial por racismo. Sobre o assunto, Clodovil diz que será uma "ação que não prospera" e que seus advogados tratarão do assunto. Ele ainda criticou a imprensa, argumentando que suas palavras são sempre distorcidas para vender notícia.
Berzoini critica "incríveis versões" da imprensa
O deputado federal Ricardo Berzoini, presidente licenciado do PT Nacional, divulgou ontem uma nota para desmentir as "incríveis versões" publicadas na imprensa sobre a reunião da Executiva Nacional do partido, ocorrida ontem. Para Berzoini, as versões publicadas sobre o encontro petista "são um exemplo de desinformação".
Leia a íntegra da nota de Berzoini
"As incríveis versões da reunião da Executiva Nacional do PT:
Depois de uma reunião extremamente positiva, na qual todas as intervenções foram analíticas e politizadas, fazendo um balanço da eleição e projetando os principais desafios do PT para o próximo período, as versões publicadas a respeito da mesma são um exemplo de desinformação.
Algumas publicações dizem: "Berzoini recusa-se a renunciar", outras dizem que a minha participação surpreendeu os presentes. Outras ainda especulam sobre os encaminhamentos possíveis para o "impasse". Um jornal diz que o "PT pressiona Lula por um programa de esquerda".
A militância petista, que viveu o enfrentamento eleitoral há poucos dias, pode avaliar com profundidade como setores da mídia buscaram influenciar no resultado eleitoral. Agora, querem disputar os rumos do governo e desgastar a convivência do PT.
No que toca à minha situação, ninguém propôs renúncia ou retorno. As pessoas que trataram do assunto preocuparam-se com a funcionalidade da interinidade, e não com eventual mudança no comando do partido.
Tampouco houve qualquer proposta ou sugestão de pressão ao presidente, em relação à programa ou a qualquer outro assunto.
O nosso presidente interino foi objetivo e direto, a meu respeito:
"Ele é o presidente do PT. Ele está simplesmente licenciado enquanto eu sou o presidente interino", disse hoje Marco Aurélio Garcia, após reunião da Executiva Nacional da legenda.
Quero reafirmar minha posição, que não foi questionada na reunião por nenhum membro da Executiva: estou licenciado, atuante como militante e parlamentar, e só estarei disponível para reassumir quando concluídas as investigações. Decidi pela licença para evitar que eventuais polêmicas consumissem as energias que deveriam ser canalizadas à disputa eleitoral de 29 de outubro. Mantenho esse compromisso como uma demonstração de compromisso com o projeto coletivo.
Reafirmo: foi uma ótima reunião, com espírito de solidariedade e compromisso partidário, com o sabor da vitória do nosso companheiro presidente Lula.
Ricardo Berzoini
Deputado federal (PT-SP)"
Intelectuais apoiam Emir Sader contra Bornhausen
Um grupo de intelectuais lançou ontem um manifesto contra a condenação do sociólogo Emir Sader pelo juiz Rodrigo César Muller Valente, da 11ª Vara Criminal de São Paulo. O magistrado acatou o processo movido pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), que acusa Sader de injúria, calúnia e difamação.
Em 28 de agosto deste ano, o site Carta Maior publicou um artigo do sociólogo no qual ele protesta contra declarações do pefelista, que se referiu ao PT como "uma raça que deve ficar extinta por 30 anos". Sader foi condenado a um ano de prisão em regime aberto, que pode ser substituído por serviços comunitários. Ainda cabe recurso da decisão.
No manifesto, encabeçado por Antonio Cândido, os intelectuais repudiam a decisão e classificam-na como "um ataque ao direito de livre-expressão e à autonomia universitária – já que o juiz também determinou a demissão de Sader da universidade pública em que dá aulas".
"Ao impor a pena de prisão e a perda do emprego conquistado por concurso público, é um recado a todos os que não se silenciam diante das injustiças", complementa o texto. O manifesto prega ainda que a decisão do juiz inverte valores e coloca Bornhausen como vítima na situação.
Leia abaixo a íntegra do manifesto:
"A sentença do juiz Rodrigo César Muller Valente, da 11ª Vara Criminal de São Paulo, que condena o professor Emir Sader por injúria no processo movido pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), é um despropósito: transforma o agressor em vítima e o defensor dos agredidos em réu.
O senador moveu processo judicial por injúria, calúnia e difamação em virtude de artigo publicado no site Carta Maior, no qual Emir Sader reagiu às declarações em que Bornhausen se referiu ao PT como uma "raça que deve ficar extinta por 30 anos". Na sua sentença, o juiz condena o sociólogo "à pena de um ano de detenção, em regime inicial aberto, substituída (…) por pena restritiva de direitos, consistente em prestação de serviços à comunidade ou entidade pública, pelo mesmo prazo de um ano, em jornadas semanais não inferiores a oito horas, a ser individualizada em posterior fase de execução". O juiz ainda determina: "(…) considerando que o querelante valeu-se da condição de professor de universidade pública deste Estado para praticar o crime, como expressamente faz constar no texto publicado, inequivocamente violou dever para com a Administração Pública, motivo pelo qual aplico como efeito secundário da sentença a perda do cargo ou função pública e determino a comunicação ao respectivo órgão público em que estiver lotado e condenado, ao trânsito em julgado".
Numa total inversão de valores, o que se quer com uma condenação como essa é impedir o direito de livre-expressão, numa ação que visa intimidar e criminalizar o pensamento crítico. É também uma ameaça à autonomia universitária, que assegura que essa instituição é um espaço público de livre pensamento. Ao impor a pena de prisão e a perda do emprego conquistado por concurso público, é um recado a todos os que não se silenciam diante das injustiças."
Matéria publicada em 02.11.06. Última atualização em 06.11.06
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