O deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) resolveu depositar os R$ 35 mil que faltavam em mala entregue à Polícia Federal, na noite de segunda-feira (22), com R$ 500 mil ilicitamente repassados ao parlamentar, segundo investigações da Operação Lava Jato. O depósito foi realizado em conta judicial e informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (25). Após a entrega da mala com o dinheiro, a PF realizou a contagem das notas detectou que continha apenas R$ 465 mil.
Na ocasião, a PF registrou no auto de infração, documento que atesta a apreensão da mala, que Rocha Loures devolveu o dinheiro em 9,3 mil cédulas de R$ 50. A ação coordenada da força-tarefa da Lava Jato levou à homologação da delação premiada de Joesley Batista e Wesley Batista, donos da JBS.
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As notas entregues a Loures pelos delatores foram enumeradas pela PF. Ainda não se sabe se os R$ 35 mil entregues eram os mesmos que continham na maleta ou se o parlamentar resolveu repor com seu dinheiro.
Rocha Loures foi filmado pela PF recebendo uma mala de dinheiro no dia 24 de abril. De acordo com a defesa de Loures, a mala foi entregue à PF na noite de ontem (segunda, 22). A entrega dos R$ 500 mil a Rocha Loures foi feita por Ricardo Saud, diretor da JBS, e ocorreu em São Paulo, em uma pizzaria. Loures foi filmado pela PF deixando o local com a mala preta que continha o dinheiro.Um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, o deputado é apontado como seu intermediário para assuntos do grupo J&F com o governo. De acordo com a delação de Joesley e seu irmão Wesley Batista, o paranaense foi indicado pelo presidente para resolver uma disputa relativa ao preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica do grupo JBS. O presidente também orientou Joesley a conversar com o colega de partido para tratar de qualquer assunto.
Já em uma das tratativas, Joesley marcou um encontro com Rocha Loures em Brasília e contou sobre sua demanda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na ocasião, o empresário ofereceu propina de 5% e o deputado deu o aval. O deputado foi filmado pela PF recebendo uma mala de Saud após combinar pagamento semanal no mesmo valor pelo período de 20 anos.
Por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), Rocha Loures está afastado das funções parlamentares, assim como o senador Aécio Neves (PSDB-MG). A Procuradoria-Geral da República pediu a prisão dos dois. Fachin negou o pedido. No entanto, a PGR recorreu e o pedido ainda será analisado pelo plenário do Supremo.
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