Lula foi avisado de que o PT e o PTB tinham acertado partilhar R$ 3 milhões arrecadados de empresas prestadoras de serviço à estatal Furnas Centrais Elétricas, isso é o que afirma o ex-deputado Roberto Jefferson no livro Nervos de Aço, que acaba de ser lançado.
Além disso, o ex-parlamentar, que teve o mandato cassado por envolvimento no escândalo do mensalão, diz que o acordo foi firmado com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Ainda sobre o aviso a Lula, Jefferson ressalta que concluiu na época que o presidente não sabia mesmo de nada, devido a surpresa demonstrada ao conhecer o fato.
Fato novo
Entretanto, de novidade mesmo, o livro só traz o diálogo ocorrido com o presidente, na presença de Dirceu e do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guias (PTB).
No texto, Jefferson afirma que aquele foi o último encontro oficial com o petista. "Era a manhã de 26 de abril de 2005. No Palácio do Planalto, Lula quis saber a razão do então diretor de Engenharia e Planejamento de Furnas, Dimas Toledo, não ter ainda sido substituído por um indicado pelo PTB, como acertado anteriormente", relata.
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"Roberto, por que está demorando tanto? Por que vocês não trocaram ainda, rapaz? Eu não quero manter esse cara lá. Por que ainda não saiu a nomeação do PTB? Vamos nomear o (Francisco) Spirandel?", disse Lula a Jefferson, segundo a publicação.
O ex-deputado diz que Lula ficou nervoso querendo saber que acordo os dois partidos tinham feito afinal de contas para a substituição ainda não ter ocorrido. Foi então que Jefferson explicou tudo ao presidente.
De acordo com o livro, Jefferson revelou a Lula que Dirceu defendia a permanência de Dimas Toledo, que virou um desafeto do presidente depois de transferir mais de R$ 1 milhão ao governo de Aécio Neves (PSDB), em Minas Gerais.
Segundo o ex-deputado, para não trocar Dimas por um petebista, Dirceu teria proposta a ele "um acerto direto entre o PT e o PTB", no qual os partidos dividiriam "a arrecadação mensal" da Furnas.
Por fim, o texto relata que Lula se irritou com a explicação e não a aceitou. "Aquele senhor está traindo o governo, está fazendo o jogo do governador de Minas Gerais, e eu não quero a permanência dele. Não quero esse cara lá. Se você não tirar eu tiro e ofereço a outro partido. Tem que tirar!", disse o presidente, afirma o livro. Logo depois, Dirceu nomeou Spirandel.