Para conseguir o apoio do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) na disputa pelo governo do Rio, o senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) retirou ontem (5) do Senado a PEC, de autoria dele, que permitia a união estável entre casais homossexuais. Em troca, Crivella desistiu do projeto de lei que não pune médicos que fizerem o aborto em mães com feto anencefálico (não possui formação cerebral adequada).
"Ele aceitou a minha ponderação. (A proibição da união civil entre homossexuais) é um princípio fundamental, um dogma muito importante, tanto da igreja católica como da evangélica", explicou Crivella sobre o que o levou a apoiar Cabral no segundo turno.
Reação
O fato de Cabral ter voltado atrás no projeto sobre a união estável entre homossexuais para conseguir o apoio de Crivella provocou protestos na comunidade GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) do Rio.
"A notícia caiu como uma bomba atômica. Mas a gente pode dar o troco nas urnas. Muitas pessoas da comunidade já tinha declarado voto no Cabral. Espero que ele reveja sua posição. Não admitimos mas mistura entre Estado e religião, e exigimos um distanciamento concreto", afirmou o coordenador de articulação do grupo Arco-Íris, Cláudio Nascimento.
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Nascimento disse que convocará uma reunião já nesse fim de semana para discutir o assunto. "Isso é um casuísmo que prejudica Cabral como candidato. Ele já até participou da parada do Orgulho Gay. É uma pena que, em nome de acordos esdrúxulos, ele coloque em risco sua própria trajetória em relação aos direitos dos homossexuais. Acho que esse caso vai ter conseqüência bem dura. Vai haver uma revoada de perda de votos", ressaltou. (Renaro Cardozo)