ISTOÉ
Os negócios suspeitos de Henrique Alves & CIA
Presidente da Câmara e mais quatro parlamentares são questionados pelo Tribunal de Contas da União por participarem de empresas contratadas pelo governo. Esses negócios teriam propiciado a eles polpudos rendimentos.
Durante dois anos o Tribunal de Contas da União investigou a atuação de parlamentares suspeitos de valer-se de seus cargos para obter contratos com órgãos públicos e empresas estatais. Na última semana, ISTOÉ teve acesso ao resultado da apuração. Nos anexos 14 e 15, ambos de caráter sigiloso, de um relatório com 600 páginas, cinco parlamentares são mencionados por descumprir o artigo 54 da Constituição. Segundo o artigo, deputados e senadores estão proibidos de exercer cargo executivo em empresas contratadas pelo governo. Entre os envolvidos estão o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ex-ministro Eunício Oliveira (PMDB-CE), o ex-governador e deputado Paulo Maluf (PP-SP) e o deputado Felipe Maia (DEM-RN), filho de Agripino Maia, um dos principais porta-vozes da oposição em Brasília. O quinto mencionado, José Gerardo, perdeu o mandato em 2010, condenado por corrupção.
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Henrique Alves entrou no relatório por sua ligação com a Newtec, uma produtora de eventos que realizou pelo menos dois contratos – obtidos sem licitação – com a Petrobras. Conforme documentos da Junta Comercial, anexados pelo TCU, a Newtec foi fundada pelo próprio Henrique Alves em 1994, quando ele cumpria o sexto mandato consecutivo na Câmara. Em 2005, quando se encontrava no oitavo mandato, o parlamentar passou 50% do capital a um sobrinho, Aluizio Alves, mantendo a participação restante. Embora tenha descoberto um número bem maior de congressistas vinculados a empresas privadas, o TCU decidiu concentrar sua atenção naqueles que tinham 50% ou mais de participação acionária. Foi por esse motivo que Henrique Alves acabou investigado e citado no relatório.
Procurado por ISTOÉ, Alves alegou que não cometeu nenhum crime. Lembrou que não ocupa cargos executivos na empresa – o que é proibido explicitamente pelo artigo 54 da Constituição –, disse que criou a Newtec para ajudar um amigo e que não recebia eventuais benefícios gerados pelos negócios. Através de sua assessoria, o presidente da Câmara afirmou ainda que “não é sócio majoritário da Newtec Produções e Eventos, não exerceu a gerência ou a administração, a qualquer título, desta empresa, e jamais recebeu favores ou procurou a Petrobras” para conseguir vantagens. A desvinculação entre o parlamentar e a empresa, porém, não é absoluta. O Tribunal de Contas sustenta que os cinco parlamentares – entre eles o próprio Henrique Alves – receberam rendimentos das empresas mencionadas. Os auditores do TCU chegaram a essa conclusão a partir de dados obtidos junto à Receita Federal, que rastreou entradas e saídas de recursos.
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Chalita e os aloprados tucanos
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ÉPOCA
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Novo papa
Por que a influência da Igreja Católica alemã favorece o brasileiro Odílio Scherer
No conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI, já se sabe com alguma certeza que caberá aos seis cardeais alemães no encontro o papel decisivo. O país que deu ao mundo o teólogo bávaro Joseph Ratzinger, eleito pontífice em 2005, e que, antes disso, já fizera do polonês Karol Wojtyla o papa João Paulo II, prepara-se, agora, para colocar à frente do rebanho de 1,2 bilhão de católicos outro nome de sua preferência. Pode ser até um cardeal brasileiro de origem alemã, Dom Odilo Scherer. “A influência dos alemães é enorme e foi decisiva nos últimos dois conclaves”, disse a ÉPOCA Andrea Tornielli, historiador e vaticanista do jornal La Stampa. “Com o pontificado de Ratzinger, eles se fortaleceram ainda mais.”
Embora não se trate de um gigante do catolicismo – a Alemanha tem apenas a quinta maior população de católicos da Europa, atrás de França, Itália, Espanha e Polônia –, a influência alemã no interior da Igreja é enorme (leia o gráfico abaixo). Ela é assegurada pelo peso histórico de seus teólogos, que fizeram da Alemanha um dos centros mundiais do pensamento católico, prolonga-se pela unidade do episcopado alemão, que se apresenta unido e uniforme diante do clero de outros países, e chega ao apogeu no enorme poder econômico da Igreja germânica. A riqueza da Igreja alemã se reflete em obras de caridade e no apoio às comunidades católicas do mundo inteiro. “Não há nenhuma diocese brasileira que não tenha recebido dinheiro alemão”, afirma o teólogo Volney José Berkenbrock, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Eles não usam isso como moeda de troca, longe disso, mas influência é influência.”
Na tarde de quinta-feira, quando o alemão Bento XVI se despediu dos fiéis da sacada do Castel Gandolfo, dando início a uma existência inédita como papa emérito, abriu-se para a Igreja um período de dúvida e ansiedade. Naquela manhã, durante sua despedida dos cardeais, ele declarara sua “incondicional reverência e obediência” ao novo papa que emergiria do conclave. Tentava, com esse gesto dramático, dirimir a dúvida essencial criada por sua renúncia: com quem ficará o poder em Roma quando ainda vive, entre os muros do Vaticano, um homem que leva o título de Sua Santidade, usa a batina branca de pontífice e é chamado pelo nome papal de Bento XVI?
Entrevista
Mark Bowden, autor de livro sobre a operação que capturou Osama bin Laden, fala a Época
PF investiga revenda ilegal de grãos subsidiados pelo governo
Em meio a pior estiagem em 40 anos no Nordeste, pequenos criadores rurais são acusados de revender grãos de milho que deveriam ser usados para alimentar pequenos rebanhos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, tem recebido denúncias de que pequenos produtores rurais do Nordeste estão deixando de alimentar seus rebanhos com grãos de milho subsidiados pelo governo para revendê-los a preços de mercado. Segundo os relatos, produtores compram, por intermédio do “Programa de Vendas em Balcão”, sacas de milho por valores que variam entre R$ 18 e R$ 23 a unidade a fim de revendê-las por preços que oscilam entre R$ 50 e R$ 60. O caso mais grave denunciado é da Paraíba. A Conab encaminhou denúncia para a superintendência da Polícia Federal no estado para investigar o caso.
CARTACAPITAL
O Vaticano na tormenta
Às vésperas da escolha do novo papa, os escândalos na igreja se acumulam
Às 16 horas da quinta-feira 28 badalaram em uníssono os sinos de todas as basílicas romanas, sinal da partida de Joseph Ratzinger do Vaticano a Castel Gandolfo, residência papal de veraneio. Ratzinger cumprimentou alguns colaboradores e fez seu último pronunciamento para conterrâneos visivelmente emocionados. Caminhando apoiado em sua bengala rumo a um helicóptero que o levaria para o castelo 25 quilômetros ao sul do Vaticano, o primeiro papa a renunciar depois de seis séculos parecia, de fato, justificar as palavras pronunciadas no dia anterior para a costumeira multidão apinhada na Praça São Pedro. Voltou a reiterar o motivo de sua abdicação: “Minhas forças diminuíram”.
A despedida do pontífice dos fiéis, de Papamóvel na Praça São Pedro apinhada, e dos cardeais in camera caritatis. E haja caridade…
Na quarta 27, fiéis do mundo inteiro presenciaram em massa a última audiência geral do ainda papa Bento XVI. Bandeiras, como de costume em momentos históricos, tremulavam, inclusive brasileiras. Quem estava na Praça São Pedro não podia deixar de se sentir como peregrino, tal se deu como em abril de 2005, quando enfrentei uma fila de dez horas para lançar um repetido olhar para o féretro de João Paulo II. A diferença é que hoje o papa ainda estava em vida. Durante a celebração, uma saudação foi repetida em diversos idiomas, inclusive em português: “Damos graças a Deus orando continuamente”. Na quinta-feira, antes de deixar seus aposentos no Vaticano, o papa fiel aos tempos tuitou: “Coloquem Cristo no centro de vossas vidas”.
Como não poderia deixar de ser, deslumbra o cenário da Cidade Eterna com seus sinos a badalar, enquanto cidadãos percorriam o dia histórico. Para outros, até fiéis, pairava no ar a dúvida: por que o papa renunciou? Sim, ele estava “diminuído”, mas seu antecessor polonês, Karol Wojtyla, João Paulo II, não chegou ao seu último dia de vida debilitado pelo mal de Parkinson no Vaticano, faz quase oito anos? O que realmente levou o papa Bento XVI a renunciar?
Eleições 2014
Eduardo Campos e a marchinha do vai, não vai. Define-se o esboço das campanhas, para privilegiar, no ataque oposicionista ao PT, os temas econômicos em lugar dos éticos.
Um dos ditadores fardados que comandaram o Brasil de 1964 a 1985, o general Emílio Garrastazu Médici visitou certa vez o Nordeste quando era presidente (1969-1974) e, diante da miséria, pronunciaria uma das pérolas do regime militar: “A economia vai bem, mas o povo vai mal”. Era o tempo do “milagre”, em que o País crescia como nunca, mas para desfrute exclusivo de sua elite empresarial e social, pois a pobreza e a desigualdade continuavam intactas. Hóspede dos cárceres de Médici e vítima dos torturadores dele, Dilma Rousseff poderia sair a público para uma irônica revanche histórica. Com ela, a economia já não vai de vento em popa, mas o povo vai bem.
Eduardo Campos faz que vai mas não vai, e talvez vá. Aécio não esconde o propósito e se apressa a alegar o “pibinho” da presidenta Dilma. Foto: Leo Caldas/ Estadão COnteúdo
O desemprego atingiu em dezembro o inédito piso de 4,6% e, embora tenha subido em janeiro, com as demissões pós-Natal, segue baixo (5,4%). Os salários jamais foram tão altos. Em dois anos, 22 milhões de pessoas saíram da miséria. A desigualdade de renda é a mais estreita, apesar de ainda larga. Já a economia… Tímido em 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou de novo no ano passado e apresentou um dos piores resultados da era petista, como confirmou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira 1º.
O ritmo lento deflagrou uma espécie de caça ao PIB, no ensaio geral para a sucessão presidencial de 2014. Dilma e dois potenciais concorrentes, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), puseram o empresariado na mira e a economia no discurso. O cenário que se desenha sugere que a próxima campanha terá acento econômico e um forte debate sobre modelo de desenvolvimento do País, com o tom moralista, marcante nas disputas de 2006 e 2010, em papel secundário.
Aviação
O Brasil pode ter três fábricas de helicópteros. Isso é bom?
No mezanino, um salão amplo e retangular, sem divisórias, abriga dezenas de estações de computadores. As poucas cabeças brancas contemplam, organizam, o movimento da maioria de jovens. Lá embaixo, na linha de produção, a cabine de um helicóptero espera sua vez. Demorará alguns meses até a aeronave estar apta a voar, mas a carcaça depenada e sem pintura tornou-se motivo de orgulho para os trabalhadores imersos nos terminais na parte superior.
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Gabriel Chalita
O escândalo que encurtou a carreira do político carismático que poderia ter sido ministro. Denúncias deixam o deputado Gabriel Chalita fora da reforma ministerial
Brasil
Grandes regalias continuam intactas no Congresso
Mordomia
As tímidas medidas contra os privilégios
Internet
A difamação virou um negócio lucrativo
Congresso
A oposição ressuscita 2005, o ano do mensalão
Bento XVI
As ações do agora papa emérito para limpar a Igreja