Época
Os lucrativos negócios da filha do ex-diretor da Petrobras
Na terça-feira, no depoimento que deu à CPI da Petrobras, Paulo Roberto Costa – o executivo acusado de liderar um dos maiores esquemas de corrupção já descobertos na estatal – debochou do país. Sorria. Dizia-se indignado. Negou qualquer ilegalidade e disse que guardava R$ 700 mil em casa para “pagar impostos”. Perto dali, o Supremo Tribunal Federal resolveu devolver os autos da Operação Lava Jato à Justiça do Paraná. No dia seguinte, o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, mandou prender Paulo Roberto novamente. Ele parou de sorrir. Ao ser preso, tentou esconder o rosto com um capuz preto. Como revelam novas provas obtidas por Época, ainda há muito a descobrir sobre ele.
As provas estão num HD apreendido pela Polícia Federal (PF) num dos endereços de Paulo Roberto. O HD contém um vasto backup de um dos computadores de Marici Costa, mulher de Paulo Roberto. Os documentos guardados compreendem dois anos (2007 a 2009) em que Paulo Roberto ainda era diretor da Petrobras. Revelam, entre outros negócios ainda sob investigação da PF, os lucrativos contratos fechados por Arianna Bachmann, uma das filhas de Paulo Roberto, com as empreiteiras que ganhavam licitações na Petrobras, precisamente na área comandada por ele. Arianna representava empresas de mobiliário, que vendiam milhões a consórcios formados pelas empreiteiras favoritas de Paulo Roberto. Segundo os documentos apreendidos, ela ganhava gordas comissões nesses negócios.
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Os papéis sugerem que Paulo Roberto apresentava aos empreiteiros a filha e os “projetos” dela. Os contratos negociados por Arianna, em nome de empresas como Flexiv e Italma, variavam entre centenas de milhares de reais e vendas individuais de R$ 6 milhões. A correspondência de Arianna com diretores das empreiteiras mostra como ela era orientada a preparar as propostas e continha até informações confidenciais da Petrobras. Dois consórcios, formados por sete empreiteiras que negociaram com Arianna, haviam fechado, em 2008, R$ 1,3 bilhão em contratos para reformar centros de pesquisa da Petrobras. A PF suspeita que Arianna fosse a verdadeira dona das empresas que dizia apenas representar.
Os negócios de Arianna serviram como estágio para que ela subisse na hierarquia do negócio familiar montado por Paulo Roberto. O esquema, como Época revelou, envolvia todos os integrantes de sua família. Havia hierarquia e funções bem definidas. Arianna tocava o dia a dia dos negócios. Márcio Lewkowicz, marido de Arianna, organizava as finanças. Humberto Mesquita, o Beto, era rival de Márcio na tarefa de administrar, no Brasil e no exterior, o dinheiro da corrupção na Petrobras. Shanni, a outra filha de Paulo Roberto, casada com Beto, tentava influenciar o patriarca para que o marido assumisse o controle financeiro das operações. Marici, a mulher de Paulo Roberto, era laranja em empresas e contas secretas em paraísos fiscais.
Ao obter acesso exclusivo às provas apreendidas pela PF e entrevistar integrantes do esquema, Época revelou, nos últimos meses, as evidências que desenhavam a estrutura financeira e política das operações lideradas por Paulo Roberto. Na semana passada, as autoridades suíças confirmaram a existência de numerosas contas secretas controladas, oficialmente, por familiares de Paulo Roberto. A maior parte do dinheiro está, contudo, em nome do homem de capuz preto: ao menos US$ 23 milhões. O dinheiro foi bloqueado. Há evidências de contas controladas por ele em outros paraísos fiscais. Época procurou, mas não obteve retorno das empresas Flexiv e Italma, nem do advogado de Paulo Roberto.
Por que o Mineirão se tornou um mico para o contribuinte
Do alto, o novo Mineirão, com sua cobertura polvilhada de branco e suas casquinhas de concreto, parece a maior broa de padaria já produzida em Belo Horizonte. Dentro, haja recheio. Há 62.160 cadeiras cobertas, com visão completa do gramado. Há 98 camarotes, com acesso exclusivo a restaurantes, banheiros limpinhos e espaços para descanso. Há dois telões gigantes. A cobertura, para permanecer impecavelmente branquinha, tem tecnologia autolimpante. Há até vestiário exclusivo para as mascotes. A broa custou R$ 666 milhões e ficou pronta no prazo, em dezembro de 2012. “É maravilhoso”, disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, todo enchanté. “O estádio está belíssimo”, disse o senador tucano Aécio Neves, governador quando as obras começaram. “Estou muito feliz em ver que aquele sonho, lá de trás, com eficiência, com planejamento, com muita gente trabalhando, se transforma hoje em realidade. Fizemos tudo como era planejado.”
Administrar o estádio parecia um negócio atraente devido às boas rendas com os jogos do Atlético e do Cruzeiro. O Atlético, no entanto, desistiu de mandar seus jogos lá. “Claro que quero jogar num belo estádio como o Mineirão, mas não sustentarei empreiteiro”, afirmou recentemente Alexandre Kalil, presidente do Atlético.
A ausência do Atlético no gramado do Mineirão não preocupa o consórcio que administra o estádio. Pelo contrato, o governo de Minas se compromete a garantir, por dois anos, um lucro mínimo ao Minas Arena. O consórcio, formado pelas empreiteiras Construcap, Egesa e HAP, recebe mesmo que a arena fique vazia ou receba poucos jogos. O contribuinte mineiro cobre qualquer prejuízo.
Até agora, o governo de Minas transferiu R$ 66 milhões ao Minas Arena, de modo a garantir o lucro das empreiteiras. Estima-se que outros R$ 20 milhões serão pagos nos próximos meses. Assim que se construiu a broa, o consórcio contratou a Luso Arenas, empresa portuguesa especializada em cuidar de complexos esportivos. Menos de um ano depois, a Luso Arenas foi dispensada. “Nunca vi acionista querendo ganhar menos. Roberto Senna (presidente da HAP) dizia que não precisava de jogos no Mineirão para garantir a rentabilidade do negócio”, diz Marco Antonio Herling, presidente da Luso Arenas. “Ele falava que o importante era extrair os repasses do governo ao máximo e não se comprometer com despesas futuras. A Luso Arenas estava entre essas despesas futuras.” Herling afirma que há camarotes e espaços publicitários que não foram vendidos até hoje. A Luso Arenas processa o Minas Arena, por rompimento indevido de um contrato de cinco anos. Procurado por Época, Senna informou apenas que processa a Luso Arenas, também por quebra contratual.
Em 2009, o Ministério Público denunciou Senna, sob a acusação de que a HAP foi favorecida pela prefeitura de Belo Horizonte, ao ter sido contratada sem licitação para construir casas populares. Os promotores de justiça fizeram uma relação dessa irregularidade com uma doação de campanha em 2004, no valor de R$ 235 mil, ao então candidato à prefeitura da capital mineira, Fernando Pimentel – hoje candidato ao governo estadual. O processo tramita na Justiça mineira, e os bens da HAP chegaram a ser bloqueados para ressarcir a administração pública. A HAP afirmou a Época que as acusações contidas na ação proposta pelo MP são improcedentes.
Para piorar o quadro, a Egesa, que detém 30% de participação no Minas Arena, está afundada em dívidas, sem capacidade para investir no Mineirão. Recentemente, ofereceu sua participação acionária no consórcio como garantia adicional num contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal. Em caso de calote, se a Caixa decidir executar as garantias da Egesa, ela poderá se tornar sócia do consórcio que administra o Mineirão. A Caixa afirma que não poderia se manifestar sobre a Egesa porque é “parte em ação judicial envolvendo a mencionada empresa e só pode se manifestar nos autos judiciais”.
O Ministério Público de Minas Gerais encaminhou perguntas ao governo sobre o contrato do Mineirão há duas semanas. Na Assembleia Legislativa, falta apenas a assinatura de um deputado estadual para que seja possível instalar a CPI do Mineirão. O secretário de Esportes de Minas Gerais, Tiago Lacerda, afirma que o repasse de R$ 66 milhões faz parte de um momento de “aprendizagem” da concessionária e que, se a empresa tiver lucro, terá de dividi-lo com o governo. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Minas Arena afirma que os pagamentos do governo são um ressarcimento aos investimentos no Mineirão, propriedade do governo. Afirma também que, desde a reinauguração, o estádio já recebeu um público de mais de 1,5 milhão de pessoas. É pouca gente para muita broa.
Pastor Everaldo: “O Estado passou a se servir da população”
Na semana passada, dias antes da convenção que o apontará candidato à Presidência pelo Partido Social Cristão (PSC), o Pastor Everaldo Pereira conversou com Ciro Gomes, candidato ao mesmo cargo em 2002. Eles têm algo em comum. Everaldo diz que, se eleito, renegociará a dívida interna do Brasil com os bancos. Ideia semelhante, lançada por Ciro em 2002, ajudou a alimentar uma crise de confiança do mercado financeiro. Com 4% das intenções de voto (5,6 milhões de eleitores) nas pesquisas, defensor da redução da maioridade penal e da privatização, Everaldo encostou em Eduardo Campos e poderá ajudar a levar a eleição para o segundo turno.
Época – Seu partido integrou a base de apoio do governoDilma. Por que decidiu romper e lançar candidato próprio?
Pastor Everaldo Pereira – Como milhões de brasileiros, desde 2002, acreditamos que as propostas colocadas em prática eram boas para a população brasileira. Após a eleição da atual presidente, o partido viu se deteriorar todas aquelas coisas boas feitas pelo Brasil e entendeu que teria candidatura própria. Com coerência, apoiamos a governabilidade, mas nunca tivemos um cargo no governo. Quando o governo pedia para votar coisas que não eram do interesse da população, sempre votamos contra.
Época – O que era contra o interesse da população?
Pastor Everaldo – O fundamental para a gente é que o Estado, que deveria servir à população, passou a se servir da população. O Estado ficou aparelhado para atender a uma agremiação partidária. Houve uma concentração da renda com o governo federal. Os municípios ficam com quase 13% da receita; os Estados, com 22%; e o governo federal, com 65%.
Época – Qual sua opinião sobre a presidente Dilma Rousseff?
Pastor Everaldo – Ela me decepcionou. Em todos os aspectos.
Que benefícios – e danos – o Mundial pode causar ao Brasil
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O plano do PMDB para ganhar São Paulo
IstoÉ
Um festival de improvisos
Apesar do saldo positivo, o primeiro dia de Copa do Mundo no Brasil teve uma cara bastante parecida com a partida que a Seleção Brasileira disputou no gramado do estádio do Corinthians, na zona leste de São Paulo: repleta de pequenos problemas, mas que não comprometeram o resultado final. Desde a apresentação de abertura morna, com pouca criatividade e repleta de clichês, passando pela decepção e desatenção com a veste robótica usada por um cadeirante para dar o chute inicial, até os problemas na Arena Corinthians, toda a organização sob responsabilidade da Fifa dava a impressão de que houve muito improviso.
Enquanto o transporte, o maior temor dos dias que antecederam a abertura do Mundial por conta de uma greve dos metroviários paulistas, se saiu melhor do que o esperado, a Arena Corinthians mostrou que os atrasos nas obras e a falta de testes cobraram um preço alto no primeiro jogo do Mundial. Por todas as partes do estádio era possível encontrar entulhos, restos de obras, e até no camarote que recebeu a presidenta Dilma Rousseff e os oito chefes de Estado que assistiram ao jogo Brasil e Croácia o cheiro de tinta fresca estava presente. Nas áreas Vips, aquelas destinadas a celebridades e aos convidados dos patrocinadores da Copa do Mundo, a falta de luz deixou corredores na penumbra e impediu o funcionamento apropriado dos elevadores, provocando enormes filas. “É impressionante como as coisas ainda estão por ser feitas, não esperava por isso”, afirmou o analista de mercado Cláudio Heringer, convidado de uma empresa multinacional e que precisou pegar uma escada com fios expostos para chegar a um restaurante que servia almoço e bebidas aos Vips.
A falta de luz também atingiu boa parte das 62 mil pessoas que foram ao estádio na quinta-feira. Por duas vezes os refletores de dois setores do Itaquerão se apagaram, reduzindo em 20% a iluminação do estádio. Por sorte, as falhas aconteceram com o dia ainda claro e não chegaram a comprometer a partida.
Bem antes disso, no entanto, o atendimento ao público nos bares e lanchonetes do estádio foi duramente comprometido pela escassez de produtos e pela demora para conseguir se comprar uma simples garrafa de água mineral, vendida por R$ 6. Os sanduíches, frios, terminaram antes mesmo do início da festa de abertura, e os torcedores precisavam gastar até 30 minutos para serem atendidos.
Para completar o cardápio de frustrações de um dia que se mostrou bem menos complicado do que previam os mais pessimistas, a festa de abertura, comandada pela belga Daphné Cornez, foi motivo de críticas tanto dentro quanto fora do estádio. Com um espetáculo pobre, repleto de espaços vazios no gramado, a apresentação parece ter agradado a pouca gente. Enquanto a imprensa mundial apontava erros e situações esdrúxulas, como o constrangedor playback descompassado de Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull, boa parte do público aproveitou para se dedicar a uma função menos nobre, porém mais pragmática: enfrentar as longas filas para conseguir, depois de muitos anos, tomar uma cerveja dentro de um estádio de futebol no Brasil.
Rebelião padrão Fifa
Nos seus 110 anos de existência, jamais a Fifa e seus principais dirigentes iniciaram uma Copa do Mundo tão pressionados quanto a desta edição no Brasil. Tanto a entidade quanto seu principal representante, o suíço Joseph Blatter, têm sido alvos permanentes de críticas por parte dos torcedores, dirigentes de associações de futebol e até de seus principais patrocinadores – empresas multinacionais que pagam milhões de dólares todos os anos para ter seus nomes associados à imagem da entidade e do futebol. No cerne do descontentamento estão as repetidas acusações de corrupção envolvendo a Fifa e a maneira como Blatter tem se mantido no poder desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange.
Além da série de protestos inéditos contra uma Copa do Mundo no país-sede, Blatter enfrentou uma rebelião interna na mesma semana da abertura do Mundial. No 64º Congresso da Fifa, que aconteceu nos dias 10 e 11 de junho em São Paulo, a poderosa Uefa rebelou-se e exigiu que era o momento para o dirigente suíço deixar o cargo. Os europeus tentaram aprovar uma resolução que limita a 72 anos a idade do presidente da Fifa – Blatter tem 78 –, mas foram derrotados.
A artilharia pesada europeia ficou por conta do presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael Van Praag. À imprensa ele afirmou, de forma categórica: “Blatter não é levado a sério e isso não é bom nem para a Fifa nem para o futebol.” Michel Platini, o favorito dos europeus para assumir o comando da entidade, tem se mantido afastado das polêmicas, ao menos por enquanto. De acordo com ele, só em setembro ele vai decidir se concorrerá ou não ao cargo nas eleições de 2015.
Com um lucro quatro vezes maior nesta Copa do Mundo – US$ 4,5 bilhões – Blatter está com os cofres cheios para fazer o que mais sabe para agradar seus correligionários. No Congresso deste ano, pouco antes da votação da medida que propunha limitar a idade do principal mandatário, anunciou que dobraria os bônus concedidos todos os anos pela Fifa às federações mundiais. Hoje, quase 210 países são filiados à entidade e Blatter tem o apoio de quatro das seis confederações regionais.
Enquanto os dirigentes se engalfinham nessa agressiva disputa por poder, os patrocinadores da entidade se mostram cada vez mais preocupados com a sucessão de acusações de corrupção envolvendo a Fifa. Na última delas, a respeito da compra de votos pelo Catar para ter o direito de sediar o Mundial de 2022, Sony e Adidas decidiram se manifestar. As duas multinacionais, que têm contrato até 2030 com a entidade e, estima-se, pagam US$ 25 milhões ao ano, exigiram uma investigação profunda sobre os problemas envolvendo o país do Oriente Médio. A Fifa, por enquanto, afirmou apenas que montará um grupo de trabalho para analisar o que de fato aconteceu. Mas, com as pressões aumentando, é possível que Blatter precise cortar a própria carne para sobreviver.
Em queda, apesar do esforço
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A força oculta do PSTU
Embora ele não tenha nenhuma representação no Congresso Nacional, tampouco nas Assembleias Legislativas do País, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), com míseros 17 mil filiados, tem atrapalhado o cotidiano de milhões de pessoas nas principais cidades do País. Com bandeiras retrógradas, o partido prega o fim do capitalismo e a revolução socialista. Nascida de uma das costelas do PT, a agremiação de extrema esquerda surgiu depois de a tendência Convergência Socialista ter sido expulsa do PT em 1992 por defender um “golpe branco de estado” – eles propunham fechar o Congresso Nacional, romper com o FMI e derrubar o governo do ex-presidente Fernando Collor (1990 a 1992), na marra. De lá para cá, mesmo sem sucesso eleitoral, o PSTU passou a fazer estardalhaço, principalmente depois de 2004, quando criou a Central Sindical e Popular – Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas, fruto de um racha da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Hoje, eles juram que controlam três milhões de trabalhadores nos 250 sindicatos e movimentos sociais filiados, incluindo os metroviários de São Paulo, professores universitários, metalúrgicos, rodoviários e operários da construção, a maioria ligada ao funcionalismo público. Para conseguirem êxito, os militantes da Conlutas usam e abusam de ações nada democráticas.
A imagem pronta e acabada da disposição desse grupo para atormentar o dia a dia dos brasileiros pôde ser observada durante manifestação contra a Copa na manhã da quinta-feira 12, que ocorreu na porta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, dirigido por eles, na região do estádio de Itaquera. O protesto reuniu 150 pessoas. O Batalhão de Choque impediu que manifestantes seguissem para a Radial Leste, via de acesso ao estádio. O ato deixou três detidos e seis pessoas feridas. Mascarados atearam fogo a lixeiras e lançaram bombas contra a PM. Dias antes, o mesmo grupo conturbou a rotina de milhões de pessoas ao paralisar as atividades do metrô. Ao fim, sofreu uma fragorosa derrota: 42 pessoas foram demitidas e os metroviários tiveram de voltar ao trabalho. A Justiça determinou o fim da paralisação, fixou multa de R$ 100 mil e R$ 500 mil pelos dias parados antes e depois do julgamento. A multa é aplicada à entidade sindical, mas quem vai pagar são os trabalhadores, de onde vêm os recursos do Sindicato dos Metroviários.
Como os metroviários são funcionários públicos, no final das contas, será a população que vai pagar essas multas geradas pelo desrespeito à Justiça durante a greve.
Os resultados foram desastrosos para toda a população, para o comércio, para o direito de ir e vir das pessoas e para os próprios metroviários.
Mas os cabeças do Sindicato dos Metroviários ganharam visibilidade. Perturbar a vida das pessoas, com a desculpa de lutar por melhores salários, é a bandeira desse agrupamento. O objetivo é estabelecer o caos e a baderna. Por incrível que pareça, o maior inimigo do PSTU/ Conlutas, além da população que sofre com as greves, é outra agremiação de extrema esquerda, a Causa Operária. “A Conlutas é apenas uma organização de fachada, em que não há princípios a se guardar e muito menos um programa político a defender”, acusam os dirigentes da Causa Operária.
À frente do PSTU/Conlutas está o metalúrgico José Maria de Almeida, um fracassado candidato a presidente da República que disputou todos os pleitos desde a redemocratização do País e nunca conseguiu mais que cerca de 80 mil votos. Ex-petista, Almeida é figurinha carimbada nas manifestações desde a década de 1970, quando esteve preso ao lado de Lula em maio de 1980, com base na Lei de Segurança Nacional. Para o PSTU, o PT é o partido a ser batido. “É preciso expropriar as multinacionais e os bancos para conseguir salários, empregos, saúde e educação gratuitos e de qualidade”, prega Almeida. Os eleitores parecem pouco ou quase nada seduzidos por esse discurso. Nas eleições municipais de 2012, o PSTU teve apenas 0,17% dos votos válidos em todo o País. Hoje, o partido só tem dois vereadores eleitos: um em Natal e outro em Belém.
A central sindical ligada ao PSTU também não conseguiu até hoje o número mínimo de sindicatos filiados para ser reconhecida pelo governo. Faltam oito filiações sindicais para ela ter o direito de receber as verbas oriundas do imposto sindical. Mas eles dizem ser contra a taxação. Na prática, os militantes do PSTU/Conlutas acreditam que estão em busca de um Estado Operário e na batalha pela construção de um “exército vermelho”. Dizem eles: “A retomada das mobilizações populares vem demonstrar o caráter internacional das lutas contra o capitalismo. Também reafirma a urgência de uma saída socialista que acabe com toda a exploração e opressão.”
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