CARTA CAPITAL
A central de grampos de Marconi Perillo
Os elos entre o governador tucano de Goiás e um hacker contratado para grampear e invadir computadores de políticos e jornalistas. Nem aliados foram poupados da espionagem
Reportagem de capa de CartaCapital desta semana, assinada por Leandro Fortes, revela como um jovem estudante de Medicina prestou serviços como hacker a pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Por meio de dois jornalistas e dois integrantes do primeiro escalão da administração goiana, ele operou entre 2011 e 2012 – época em que Perillo foi investigado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – uma rede ilegal de grampos telefônicos em favor do tucano. O hacker tinha como missão invadir contas de adversários – e até aliados – do governador por meio de perfis falsos na internet.
O contato era feito por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino. Os pagamentos, mostra a reportagem, tinham como fontes o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação, e Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo e atual secretário de Articulação Política no estado.
O esquema é investigado pelo Ministério Público Federal.
Leia também
Mr. Magoo, o simpático personagem de desenho animado criado nos Estados Unidos em 1949, é um velhote que se mete em enormes confusões por ser praticamente cego. E aparece aqui neste texto na cota de humor de um enredo de espionagem e ilegalidades desenhado e comandado de gabinetes do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, e sob as ordens do governador Marconi Perillo. “Mr. Magoo” é o codinome de um hacker, cuja identidade está prestes a ser desvendada pelo Ministério Público Federal, contratado para operar uma rede ilegal de grampos telefônicos, criar perfis falsos na internet e invadir a privacidade de dezenas de adversários e até de aliados de Perillo. O contato com o hacker era intermediado por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino.
Em 2011 e 2012, “Mr. Magoo”, dono de uma “visão cibernética” invejável, ao contrário do personagem do desenho, serviu ao esquema com grande eficiência. A partir das encomendas de Gama e Aquino por e-mails e mensagens diretas via Twitter, o hacker montou um fenomenal arquivo de informações retiradas de computadores invadidos e telefones celulares grampeados. Pelos serviços, recebia entre 500 e 7 mil reais, a depender da complexidade do trabalho e do alvo em questão. O dinheiro saía de duas fontes antes de passar pela mão do casal de radialistas, segundo documentos obtidos por CartaCapital. No início, o responsável pelos pagamentos era o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação. Na fase seguinte, a operação passou a ser de responsabilidade de Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo, atual secretário estadual extraordinário de Articulação Política.
Além da participação do governador e de assessores diretos no esquema de grampo e invasão de perfis na rede mundial de computadores, as trocas de mensagens dos radialistas com “Mr. Magoo” revelam que o governo de Goiás teria se utilizado de hackers oriundos de São Paulo e Minas Gerais. O radialista sustenta ainda que parte desse serviço importado chegou ao estado por meio de um contrato firmado com a SMP&B, agência de publicidade que pertenceu a Marcos Valério de Souza, figura central dos escândalos dos “mensalões” do PT e do PSDB.
Seca
A vida em uma cidade baiana sem chuvas há três anos
A raiz dos estereótipos
Pesquisador mostra como o preconceito se infiltra no inconsciente e empobrece os julgamentos humanos
Apareceu o timoneiro
O Parlamento Italiano reelege Napolitano, ao confiar na sua força moral para tirar o país do impasse político que o levou à deriva
ISTOÉ
Maioridade penal aos 16 anos?
Aumenta pressão para que adolescentes recebam penas mais duras quando participarem de crimes hediondos ou sejam reincidentes
Roberto Carlos: o rei da censura
Pela terceira vez, o cantor tenta impedir a circulação de um livro no qual é citado, numa demonstração de autoritarismo e desprezo pela liberdade de expressão
O cantor Roberto Carlos é conhecido como “Mãos de Tesoura” em editoras e entre biógrafos. O apelido faz jus ao seu notório comportamento antidemocrático quando alguém ousa publicar uma obra que aborde sua trajetória. Pela terceira vez, ele foi à Justiça tentar impedir a circulação de um livro no qual é citado, numa demonstração de autoritarismo e desprezo pela liberdade de expressão. Dessa vez, o alvo é uma pesquisa acadêmica sobre o movimento cultural dos anos 1960, do qual ele faz parte. A professora Maíra Zimmermann, catarinense de 31 anos, autora de “Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude” (Estação das Letras e Cores), recebeu uma notificação extrajudicial no dia 8 de abril, dando um prazo de dez dias para que fosse retirada das livrarias a parca edição de mil exemplares de sua obra. Advogados dela recorreram e, por enquanto, o livro continua à venda. “Foi um trabalho de cinco anos. Tive todos os cuidados, inclusive com os direitos das imagens que utilizei. Não é um livro de fofoca. O foco é acadêmico”, disse a professora à ISTOÉ.
Em 2007, ele já havia proibido a distribuição da biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, do historiador Paulo Cesar de Araújo. No fim dos anos 1970, foi censurado “O Rei e Eu”, de seu ex-mordomo Nichollas Mariano. Mas o que o cantor não parece ter percebido ainda é que estamos na era da internet e que a proibição de uma obra impressa não significa que ela vai deixar de existir. Ao contrário. “Meu livro está aí, qualquer um pode baixar no computador e ler, sebos vendem edição pirata por R$ 150 e, em Portugal, pode ser comprado com nota fiscal em livraria. A diferença é que eu nada ganho com o fruto de meu trabalho”, conta Araújo. Os 11 mil exemplares de sua obra são mantidos em cárcere privado pelo cantor em um depósito, devidamente guardados por um funcionário. Questionado sobre isso, Roberto Carlos já declarou: “Está em um lugar que não me incomoda. Talvez eu guarde para sempre.”
Minha casa, meu negócio
Num claro conflito de interesses, parlamentares lucram com contratos milionários do maior programa habitacional do governo. Políticos são beneficiados na venda de terrenos e ao colocar suas próprias empreiteiras para tocar as obras.
De vitrine do governo Dilma Rousseff à vidraça para os órgãos de controle, o programa Minha Casa, Minha Vida se tornou uma fonte de problemas e fraudes. Nas últimas semanas, o jornal “O Globo” denunciou que ex-servidores do Ministério das Cidades integrariam um esquema para ganhar contratos de habitação destinados às faixas mais pobres da população. Os antigos funcionários das Cidades não são, porém, os únicos que lucram com um dos principais programas sociais do governo. Levantamento feito por ISTOÉ indica que a política habitacional criada para ajudar os mais pobres enriquece também deputados e senadores. Os parlamentares se aproveitam de um filão imobiliário que já movimentou R$ 36 bilhões em recursos públicos para a construção de 1,05 milhão de casas e apartamentos para famílias de baixa renda. Os dados do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) – reserva financeira composta por recursos do FGTS e gerenciada pela Caixa Econômica Federal – mostram que parlamentares de diferentes partidos têm obtido vantagens financeiras com o programa de duas maneiras: na venda de terrenos para o assentamento das unidades habitacionais e na obtenção de contratos milionários para obras que são realizadas por suas próprias empreiteiras. Entre eles, os senadores Wilder Morais (DEM-GO) e Edison Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ministro de Minas e Energia e presidente da Comissão de Orçamento do Senado, e os deputados Inocêncio Oliveira (PR-PE), Augusto Coutinho (DEM-PE) e Edmar Arruda (PR-PR).
O procurador Marinus Marsico, representante do Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU), não tem dúvidas da irregularidade de tais práticas. Segundo ele, a utilização de financiamento habitacional de programa do governo a empresas de parlamentares constitui, no mínimo, conflito de interesses. “O parlamentar é um ente público. Assim, quando firma contrato com recursos públicos, ele está dos dois lados do contrato, porque ele é responsável por gerir ou fiscalizar essas verbas. Há uma incompatibilidade. Não é possível servir a dois senhores. Ou você é administração pública ou é empresa”, critica Marinus. Na terça-feira 23, a própria presidenta Dilma admitiu a possibilidade de haver irregularidades no programa e foi enfática ao dizer que o governo tem a obrigação de investigá-las.
Os casos levantados pela reportagem, segundo o procurador, podem ser apenas uma mostra de um crime muito maior. É prática corrente colocar empresas e imóveis, como terrenos, em nome de terceiros, o que dificulta a fiscalização. Mas em Pernambuco o vínculo com o parlamentar beneficiado é direto. No Estado, nove mil das 20 mil casas prometidas pelo programa do governo federal já foram entregues. A especulação imobiliária é intensa, como também é grande a oferta de enormes áreas para a construção das casas populares. Apesar disso, a construtora Duarte, uma empreiteira local que abocanhou o contrato para erguer 1.500 casas no município de Serra Talhada, escolheu justamente as terras do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) para construir as habitações.
A área de 34 hectares fora adquirida pelo parlamentar 30 anos atrás, antes de ser desapropriada pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs). Era parte de uma fazenda, que foi dividida em vários lotes. O lote em questão foi declarado por Inocêncio à Justiça Eleitoral em 2010 pelo valor de R$ 151 mil. No mesmo ano, ele vendeu o terreno à construtora do programa Minha Casa, Minha Vida por R$ 2,6 milhões, de acordo com registros do cartório do 1º ofício de Serra Talhada. Ou seja, uma valorização espontânea de 1.600%. Procurado por ISTOÉ, Inocêncio confirmou o negócio, mas disse ter recebido “apenas R$ 1 milhão”, dando a entender que a empreiteira registrou valor diferente. O parlamentar disse ainda desconhecer o uso da área. “Eu não tenho nada a ver com a Caixa. Vendi para uma empresa particular”, afirma. Coincidência ou não, o negócio foi fechado no fim de 2010, momento em que a prefeitura de Serra Talhada era comandada por Carlos Evandro, do PR, um colega de partido de Inocêncio.
A ficha secreta do presidente do Paraguai
ISTOÉ teve acesso ao prontuário de Horácio Cartes, o qual havia sido apagado dos registros da Justiça paraguaia. Documentos revelam prisão por evasão de divisas e processos por falsidade ideológica, falsificação de documentos e estelionato
No domingo 21, o milionário Horácio Cartes foi eleito o novo presidente do Paraguai com 46% dos votos, mas debaixo de uma enxurrada de acusações. Aos 56 anos, Cartes é um nome novo na política paraguaia – só se filiou a um partido, o Colorado, em 2009 –, mas velho conhecido das páginas policiais. Durante a campanha eleitoral, seus adversários enfileiraram pesadas denúncias. Entre as mais graves delas constavam o contrabando de cigarros, lavagem de dinheiro, por operações supostamente ilegais mantidas pelo Banco Amambay, de sua propriedade, e evasão de divisas. Nada do que lhe é imputado, porém, aparece nos registros da Justiça do Paraguai. Para o Judiciário paraguaio, Cartes é um homem limpo e sem antecedentes criminais. “Podem ir à Justiça e checar. Não há uma única denúncia contra mim”, repetiu como um mantra o candidato do Partido Colorado durante as eleições. Conservada em absoluto sigilo há quase dez anos na residência de uma autoridade da Justiça daquele país, a ficha criminal do novo presidente do Paraguai, obtida por ISTOÉ, revela outra realidade. Além de mostrarem que sua biografia é um verdadeiro prontuário policial, os documentos derrubam a versão apresentada durante a campanha de que ele teria sido processado e preso quando o Paraguai esteve submetido a um regime ditatorial e de exceção, durante o governo do general Alfredo Stroessner (1954-1989).
O prontuário de Horácio Cartes é composto por três folhas. Numa delas, sob o registro 614006 e o timbre da Polícia Nacional paraguaia, estão contidas as referências de Horácio Cartes – como filiação, data de nascimento, número da identidade –, sua foto e digitais colhidas no dia em que ele deu entrada no presídio nacional de Tacumbú, situado na periferia de Assunção, capital paraguaia. Segundo a folha corrida do novo presidente do Paraguai, ele esteve preso, depois de condenado por evasão de divisas, durante seis meses, entre 27 de abril de 1989, portanto durante o período de redemocratização paraguaia (governo do general Andrés Rodrigues), e 8 de outubro do mesmo ano. A ficha policial que expõe os segredos de Horácio Cartes teria sido apagada dos registros judiciais do Paraguai durante o governo do jornalista Nicanor Duarte (2003-2008). O pedido de eliminação do prontuário teria partido do próprio Cartes, segundo fontes do Judiciário local, um dos principais financiadores da vitoriosa campanha de Nicanor. Uma juíza, no entanto, resolveu guardar uma cópia da documentação, que agora vem à tona, em sua residência em Assunção. A julgar pelo teor da papelada, até agora secreta, o presidente do Paraguai tinha mesmo motivos de sobra para temer a exposição de suas passagens pela Justiça. Em 1996, segundo o documento obtido por ISTOÉ, Cartes respondeu a processo por falsificação de instrumentos públicos, falsidade ideológica por operações de importação e estelionato. Em 8 de setembro de 2000, foi acusado de homicídio culposo, por envolvimento num acidente de trânsito. Horácio Cartes ainda respondeu a processo por violação de correspondências em 2002, sete anos antes de ingressar oficialmente na política com a filiação ao Partido Colorado. “Horácio Cartes tem todo o perfil do que não deve ser um presidente”, diz Chiqui Ávalos, que publicou parte da ficha corrida do presidente do Paraguai em seu livro “La Otra Cara de HC”. A publicação ainda não foi lançada no Brasil, mas circulou no Paraguai durante a campanha eleitoral.
Crime e prêmio
Conselho do Ministério Público consagra a impunidade ao garantir uma aposentadoria de R$ 24 mil a Demóstenes Torres, mesmo que ele seja afastado .
Acassação de seu mandato parlamentar pelo envolvimento com Carlinhos Cachoeira e a suspensão dos direitos políticos por 15 anos já não afligem Demóstenes Torres. Muito menos a possibilidade de ficar impedido de atuar como procurador de Justiça ou de conseguir clientes caso queira enveredar pela advocacia privada. É que, graças a uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Demóstenes pode passar o resto da vida sem trabalhar e, ainda assim, receberá no final do mês um gordo contracheque de R$ 24,1 mil. Na quarta-feira 24, o colegiado decidiu considerá-lo um membro vitalício do MP de Goiás. Na prática, isso significa que, mesmo que o Conselho decida tornar permanente sua atual suspensão provisória dos quadros do Ministério Público, a pena máxima aplicada a Demóstenes será a aposentadoria compulsória com salário proporcional ao que recebe atualmente. Nas palavras do conselheiro Luiz Moreira, o CNMP demonstrou um corporativismo vexatório. “Não haverá punição. Membros vitalícios, mesmo se forem afastados, garantem a remuneração”, disse à ISTOÉ.
Julgamento do mensalão não valeu nada?
Votação de recursos pelo STF pode livrar José Dirceu, João Paulo Cunha e Delúbio Soares da prisão e desmoralizar o julgamento do mais emblemático caso de corrupção do Brasil.
O mais rumoroso caso de corrupção já julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) viverá nos próximos dias um capítulo de incertezas e embates, capaz de mudar o desfecho da ação penal que condenou gente graúda à cadeia. A publicação do acórdão do mensalão e a apresentação dos recursos pela defesa dos acusados devem forçar os ministros a rediscutirem as penas impostas a 12 dos 25 réus enquadrados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A nova análise dos casos pode causar uma reviravolta no resultado, livrando condenados da prisão e reduzindo substancialmente as penas impostas. Esse é um cenário que, se consolidado, vai abalar o simbolismo de um julgamento considerado o marco contra a cultura da impunidade no Brasil. As possibilidades mais estarrecedoras dessas mudanças envolvem as chances de o ex-ministro José Dirceu e seus parceiros, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, não irem para a prisão.
O golpe dos condenados
Enquanto todos os olhares se voltam para o deputado pastor Marco Feliciano nos Direitos Humanos, na Comissão de Constituição e Justiça, os mensaleiros preparam um atentado à democracia e estimulam uma guerra entre o Judiciário e o Legislativo.
Movido pela vingança
Preterido pelo PSB na disputa pela Presidência em 2010, Ciro Gomes dá o troco, torna-se uma pedra no sapato da candidatura de Eduardo Campos e pode até deixar a legenda .
O eterno presidenciável Ciro Gomes (PSB) não costuma deixar amigos nos partidos por onde passa. Conhecido pelo jeito azedo de fazer política, o socialista já trocou de agremiação cinco vezes durante sua vida pública e toda vez que deixa uma legenda em busca de uma nova opção eleitoral inicia uma guerra contra os antigos correligionários. Normalmente, o que o move Ciro é um sentimento de vingança. Foi assim ao deixar o PSDB em 1997, quando o ex-governador do Ceará partiu para o ataque contra cardeais tucanos. Um dos seus alvos principais foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a política econômica do então governo. A aliados, revelou-se ressentido por ter deixado o PSDB por falta de espaço político para voos mais altos. Em 2004, ao sair do PPS – legenda pela qual concorreu duas vezes ao Palácio do Planalto –, Ciro foi, publicamente, para a ofensiva contra o líder do partido, Roberto Freire. Declarou que o PPS estava deixando a base de apoio do governo petista porque Freire tinha ciúme de Lula.
Agora, são os próprios colegas do PSB que sofrem com a sua verve. Preterido em 2010 pelo presidente do PSB, Eduardo Campos, que preferiu apoiar Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência, quando ele aparecia com 10% das intenções de voto e demonstrava ter fôlego para disputar a eleição em condições de vencer, Ciro resolveu dar o troco na mesma moeda. Dentro do PSB, ele se tornou um dos principais opositores à candidatura de Campos ao Palácio do Planalto. Atua em sintonia com o irmão, Cid Gomes, governador do Ceará, e faz de tudo para inviabilizá-lo. “A candidatura de Eduardo Campos é inoportuna. Está bom, mas podemos fazer melhor é conversa de marqueteiro”, atacou Ciro, numa referência ao slogan adotado pelo colega de partido. “Quem defende elevação de taxa de juro é banqueiro. Ele está encantado pela direita”, fez coro Cid Gomes, em resposta a uma fala de Campos em defesa do aumento da taxa Selic para conter a inflação.
ÉPOCA
Salve, Jorge. Pobre Eike
Os acertos de Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil e os erros de Eike Batista, que perdeu R$ 20 bilhões
Exclusivo: o esquema do partido de Garotinho no Rio de Janeiro
Investigação expõe irregularidades na campanha de candidato do grupo de Garotinho
A família Garotinho gosta de criar um mundo de faz de conta em festas à fantasia. (…) Enquanto Garotinho se divertia, o Ministério Público do Rio de Janeiro trabalhava, investigando as contas do partido de Garotinho. O que o MP encontrou nessas investigações não é nada divertido.
No centro do imbróglio está uma empresa com nome de grife de moda, que entrega mercadorias de natureza diferente e bastante variada: a GAP Comércio e Serviços Especiais. Ela já foi contratada em circunstâncias suspeitas pelo gabinete de Garotinho na Câmara, tem contratos no valor de R$ 32 milhões com a prefeitura de Campos e aparece na campanha do PR, em 2010, quando Garotinho tentou eleger o desconhecido Fernando Peregrino. ÉPOCA descobriu notas fiscais de mais de R$ 1 milhão da campanha de Peregrino com indícios de falsidade. Elas passam, ainda que indiretamente, pela GAP.
Garotinho pavimenta o caminho para se candidatar a governador em 2014. Sua estratégia tem dois pilares. O primeiro é consolidar seu PR como força nacional. Garotinho assumiu, em fevereiro, a liderança do PR na Câmara. A legenda tem um bloco de 42 deputados, a quinta maior bancada, e comanda o Ministério dos Transportes, pasta com orçamento de R$ 10 bilhões. Como líder de um partido de médio porte, Garotinho pode dificultar a vida do governo em votações no Congresso Nacional. Por isso, o Palácio do Planalto prefere não contrariá-lo. Antes de anunciar, no começo deste mês, a nomeação do novo ministro dos Transportes, César Borges (PR-BA), a presidente Dilma Rousseff telefonou para Garotinho. Queria saber se havia alguma objeção ao nome.
O segundo pilar de Garotinho é montar uma base sólida no Rio de Janeiro, que envolveu o lançamento, em 2010, da candidatura de Peregrino. As novas investigações do MP, somadas à reportagem de ÉPOCA, apontam irregularidades justamente na campanha eleitoral de 2010. Se Garotinho é famoso pelas pantomimas em suas festas à fantasia, as suspeitas envolvendo o PR flertam com outro ramo das artes cênicas: o thriller policial. No caso, um movimentado filme em três atos.
A análise minuciosa das contas de Peregrino revela várias estranhezas. Primeira estranheza: Peregrino declarou à Justiça Eleitoral pagamentos de R$ 1,2 milhão a quatro postos de gasolina de uma mesma rede. Se todo esse dinheiro tivesse sido empregado em combustível, daria para percorrer duas vezes toda a malha rodoviária do Estado do Rio de Janeiro. Segunda estranheza: uma parcela expressiva desse valor – R$ 873 mil – foi para uma mesma estação de combustível, o Posto 01, no município de Itaboraí, propriedade da empresária Jacira Trabach Pimenta. Terceira estranheza: uma das notas emitidas pelo posto, no valor de R$ 700.500, não se referia a gasolina, mas à locação de carros. A nota discriminava a locação, para campanha eleitoral, de uma gigantesca frota de 170 veículos. Ficavam à disposição do candidato 100 Kombis, 50 carros populares, 15 vans executivas e cinco caminhões no período de 15 de julho a 31 de agosto.
Literatura hípica
O alcoolismo dos asnos e outras pérolas dos livros editados pelo Senado
Dinheiro
A moeda digital promete revolucionar as compras pela internet
Entrevista
Gary Cohn, presidente mundial do banco de investimentos americano Goldman Sachs
Sob investigação, TJ do Paraná não permite entrada de jornalistas
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está conduzindo uma investigação sobre denúncias de tráfico de influência e venda de sentenças envolvendo dois desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Uma coletiva de imprensa foi convocada pelo órgão na manhã desta sexta-feira. No entanto, o presidente do tribunal, Clayton Camargo, um dos investigados, proibiu a entrada no prédio de qualquer pessoa sem crachá. No fim, nem jornalistas nem o público em geral puderam adentrar o tribunal.
VEJA
O ataque à Justiça
Para escaparem da cadeia, os réus e os radicais do PT desafiam a Constituição e a harmonia entre os poderes
Economia
Reforma no ICMS, medida para atualizar o arcaico sistema tributário
Trabalho
O presidente do TST defende a modernização da legislação trabalhista