Veja
Poder — A troca de favores entre um ministro do TCU e o governo
No organograma dos poderes, o Tribunal de Contas da União (TCU) exerce o papel de guardião dos cofres públicos. Do superintendente de uma repartição federal na Amazônia ao presidente da República, ninguém está livre de prestar contas ao órgão. É do TCU a missão de identificar e punir quem rouba e desperdiça dinheiro público, seja um servidor de terceiro escalão, um ministro de Estado ou uma dezena de diretores da Petrobras. Enfrentar interesses poderosos é da natureza do trabalho do tribunal. Por isso, seus ministros gozam de prerrogativas constitucionais, como a vitaliciedade no cargo, destinadas a lhes garantir autonomia no exercício da função. No mundo ideal, o TCU é plenamente independente. Na prática, troca favores com o governo, sujeita-se às ordens do Palácio do Planalto e, assim, contribui para alimentar a roda do fisiologismo, mal que a corte, em teoria, deveria combater. Veja teve acesso a um conjunto de mensagens que mostram que há ministros dispostos a servir aos poderosos de turno a fim de receber generosas contrapartidas, como a nomeação de parentes para cargos de ponta.
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Trocadas durante o segundo mandato do presidente Lula, as mensagens revelam o ministro Walton Alencar, inclusive quando comandava o TCU, no pleno gozo de uma vida dupla. Nos julgamentos em plenário e nas manifestações públicas, Walton era o magistrado discreto, de perfil técnico, que atuava com rigor e independência. Em privado, era o informante, os olhos e os ouvidos no TCU de Dilma Rousseff, à época chefe da Casa Civil, e de Erenice Guerra, então braço-direito da ministra. Walton pôs o cargo e a presidência do tribunal a serviço da dupla. E o fez não por mera simpatia ou simples voluntarismo. Em troca, ele recebeu ajuda para emplacar a própria mulher, Isabel Gallotti, no cargo de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A trama toda ficou registrada em dezenas de mensagens entre Walton e Erenice, apreendidas em uma investigação da Polícia Federal. Com a colaboração das mulheres mais poderosas do Palácio do Planalto no segundo mandato de Lula, Walton conseguiu mobilizar um espantoso generalato de autoridades para defender a indicação da esposa.
Eleições — Como Dilma Rousseff e Aécio Neves vão tentar frear Marina Silva
A menos de cinco semanas da eleição, PT e PSDB empurram um para o outro a responsabilidade pela arriscada operação de atacar Marina, que segue em disparada com seu discurso inatacável: a favor de tudo o que é bom e contra tudo o que é ruim
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Quem vai redescobrir a rota do crescimento do país
Dilma Rousseff insiste em atribuir a fatores externos os números ruins de seu governo, Aécio Neves mostra propostas concretas para a economia e Marina Silva permanece com um discurso genérico sem explicar o que realmente pretende fazer
A nova roupa da velha politica
O currículo da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, 56 anos, enumera passagens por pelo menos três partidos, mandatos parlamentares nas esferas municipal, estadual e federal e o comando de uma pasta ministerial num governo do PT. Desde os 30 anos, Marina vive e respira política, nos moldes ditados pelo sistema partidário. Apesar disso, Marina diz encarnar a “nova política”. É enfática em seus discursos ao frisar que não compactua com o vale-tudo eleitoral e o modelo de alianças adotado por PT e PSDB nos últimos 20 anos. A utopia da candidata, ao pregar uma nova era política, rendeu a seus apoiadores o cativante apelido de “sonháticos”. A oratória envolvente de Marina embala milhões de brasileiros desencantados com “tudo o que esta aí”. Com o verniz da “nova forma de fazer política”, ela mascara as antigas e surradas práticas tão presentes em sua candidatura e biografia.
Desde o início da campanha, Marina tem condenado as alianças forjadas única e exclusivamente, segundo ela, para alcançar o poder. No entanto, foi por pura conveniência política, nada menos do que isso, que ela aderiu ao PSB quando precisou escolher entre manter a coerência do discurso ou ficar alijada das eleições de 2014. Em setembro de 2013, antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sepultar as esperanças de Marina em lançar candidatura presidencial pela Rede Sustentabilidade, ela produziu um duro artigo contra o PT, comparando a legenda que a criou politicamente a um camaleão que se mimetiza para sobreviver. “Adaptou-se ao que antes combatia”, escreveu. Marina é rígida com as adaptações dos adversários, mas muito sucinta ao explicar seus ajustes.
A composição, por exemplo, com o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), seu vice, exigiu esclarecimentos. Marina é a candidata que diz não receber doações da indústria armamentista, barra projetos do agronegócio no Congresso e não aceita intervenção da ciência no ciclo natural da vida, posições opostas às de seu vice. Nas últimas eleições, o deputado federal Beto Albuquerque recebeu doação de R$ 30 mil da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), que tem como filiadas a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Taurus.
Recentemente, Marina reiterou ao PSB sua posição sobre a questão: “Estabelecemos que não iríamos receber nenhum tipo de doação da indústria do tabaco e da indústria bélica. Esses compromissos nós continuamos com eles. É uma mensagem de que defendemos uma cultura de paz. Queremos trabalhar com a ideia de promoção da saúde”, afirmou. Nada disse sobre a arrecadação feita por seu vice.
Em entrevista ao “Valor”, o candidato a vice se justificou: “É claro que ela sabe. Ela não veio para o PSB para ser PSB, assim como não nos coligamos com a Rede para sermos Rede. Nós somos de partidos diferentes” afirmou Albuquerque. O que para os adversários inspiraria um estrondoso rótulo de aproximação por interesse, na nova política de Marina Silva ganhou tratamento diferenciado. “Nós somos diferentes e a nova política sabe trabalhar na diversidade”, argumentou em sua entrevista no “Jornal Nacional”, na noite de quarta-feira 28.
Marina defende as ideias de seu vice, mas prega distância de outros políticos tradicionais filiados ao PSB, como o deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI) e Paulo Bornhausen, outro ex-integrante do DEM de Santa Catarina convertido ao socialismo. Marina foge para não encontrar os parlamentares nos palanques estaduais. Embora imersa nas águas das velhas práticas, ela não quer parecer contaminada e provoca a ira de antigos militantes. Em tom de provocação, Severino Araújo – presidente do PSB do Paraná, tesoureiro da executiva do partido e ex-secretário de Miguel Arraes – conta que confeccionou 28 milhões de santinhos com a dobradinha de Marina Silva e o tucano Beto Richa, candidato à reeleição no Estado. Ele desafia a candidata à Presidência a vetar o material de campanha e alega que ela sabia dos termos durante o período de convenções. Mesmo assim, permaneceu no partido. “Se ela não quiser foto junto com outros candidatos, tem que fazer outra convenção. Não aceitamos. Essa coisa de nova política não tem a menor lógica. É um sonho, mesmo, como eles dizem.”
Quando confrontada, Marina recorre a um desgastado artifício das velhas raposas. A tática do “eu não sabia” entrou em debate quando a candidata foi instada a responder sobre ilegalidades no processo de compra da aeronave utilizada pelo PSB para os deslocamentos da comitiva da campanha presidencial. O comportamento, típico dos políticos descolados em driblar a opinião pública, veio acompanhado do clássico brado por investigações. “Meu compromisso é com a verdade. A verdade não virá pelo partido nem pela imprensa e sim pela Polícia Federal”, afirmou Marina em entrevista ao “Jornal Nacional”. A PF investiga o caso e uma das hipóteses é que a aeronave tenha sido comprada com recursos de caixa 2. Loteamento de cargos é outro tema favorito da candidata para atacar os adversários. Porém, a amizade de Marina com o governador do Acre, Tião Viana (PT) garantiu cargo de secretário a seu marido, o técnico agrícola Fábio Vaz de Lima. Somente após Marina assumir a candidatura presidencial ele se afastou da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e Serviços Sustentáveis.
Analistas políticos acompanham com cautela a retórica de Marina. Apesar de a prática ser outra, a candidata consegue dizer o que o povo quer ouvir e trabalha bem com o imaginário popular, resume o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer. “Nova política é um rótulo tão gasto que deu nome a uma coleção de discursos de Getúlio Vargas na década de 1950. É um conceito para consumo externo, cativa as grandes massas desencantadas com os partidos políticos”, afirma o especialista.
A prisão classe A de Pizzolato
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Época
Bater ou não bater, eis a questão: a estratégia de PT e PSDB para derrotar Marina
“Em 2002, nesta época, eu era vice-presidente da República. Já até comprava o terno para a posse. Terminamos em quarto lugar”, diz o deputado federal Paulinho da Força. Naquela ocasião, Paulinho era candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes. Em agosto de 2002, Lula liderava as pesquisas, Ciro estava em segundo – e, nas simulações para um eventual segundo turno, Ciro ganhava de Lula. Essa lembrança faz com que Paulinho veja com ceticismo a ascensão de Marina Silva (PSB) nas pesquisas eleitorais e acredite que o candidato tucano Aécio Neves, principal afetado pela subida de Marina nas pesquisas, ainda possa chegar à segunda fase da disputa.
Ainda assustados com a reviravolta no cenário das sondagens eleitorais após a morte de Eduardo Campos, tucanos e petistas estudam a melhor estratégia para enfrentar Marina. PT e PSDB se prepararam para uma eleição durante meses e, neste momento, disputam um pleito completamente diferente. “Na verdade, começou uma nova eleição. Tínhamos nos preparado para uma campanha. Agora é outra”, afirma o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).
O tom do tucano Aécio Neves subiu já na semana passada. Ele afirmou que “o Brasil não é para amadores”, em clara referência à inexperiência de Marina em cargos de prefeito ou governador. Por enquanto, a cúpula de sua campanha decidiu que ele não atacará Marina em seus programas de TV. As declarações mais fortes contra ela deverão acontecer em eventos públicos. A expectativa é que o tom vá subindo de forma gradativa nas próximas semanas. “O PSDB não pode abrir mão do seu lugar: a oposição. Não pode permitir que se apropriem desse espaço que lhe pertence. A estratégia deve ser deslocar o oposicionismo oportunista com a necessária clareza”, diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O plano dos tucanos é associar a imagem de Marina a dois políticos que também se apresentavam como alternativa à política tradicional e tinham pouca estrutura partidária: Fernando Collor e Jânio Quadros. Além disso, eles creem que a campanha deverá expor incoerências de Marina e pontos obscuros da campanha do PSB. Para ser específico: Marina está em seu terceiro partido em cinco anos e surgiram vários mistérios em torno do avião em que Eduardo Campos morreu. Por último, os tucanos pretendem se adequar ao clima emocional que a campanha ganhou após a morte de Campos. A campanha de Aécio, cujo foco era sua capacidade administrativa, deverá passar a dar mais espaço ao “produto Aécio”, envolvendo aspectos como a família e as características pessoais.
O impacto da entrada de Marina na corrida eleitoral trouxe problemas para Aécio até em sua terra natal. Em Minas, ele aparecia com mais de 40% das intenções de voto nas últimas pesquisas. Caiu para 34%. O projeto inicial, abrir em Minas uma vantagem próxima a 2,5 milhões de votos sobre a presidente Dilma, já parece inexequível. Em São Paulo, a avaliação de tucanos ligados ao governador Geraldo Alckmin e ao ex-governador José Serra é que Aécio precisa de um discurso mais firme contra o governo Dilma, para não perder completamente o eleitorado antipetista do Estado. O receio é que Aécio possa ser vítima de uma espécie de “voto útil” dos eleitores antipetistas. Eles poderão enxergar em Marina o melhor caminho para tirar Dilma do Planalto. “A gente sente a pressão, é óbvio, mas não chega a ser contestação. Evidente que há preocupações com todas essas mudanças no quadro. Mas nada que produza qualquer esmorecimento na luta”, diz o senador José Agripino (DEM-RN), coordenador nacional da campanha tucana.
Os estrategistas de Dilma se encontram numa encruzilhada – e que pode ser resumida pelo dilema: “Bater ou não bater, eis a questão”. O dilema tem a ver com dois momentos recentes das campanhas do partido. Em 2012, o então candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, chegou ao segundo turno após ter criticado à exaustão uma proposta de Celso Russomanno (PRB) – naquela eleição, ele fazia o papel de terceira via entre PT e PSDB. Russomanno falou que o preço da passagem de ônibus, em sua administração, seria proporcional ao percurso percorrido. Isso penalizaria a população mais pobre, que mora longe do centro de São Paulo. O PT soube explorar isso e turbinar a campanha de Haddad. Esse caso é visto como inspirador e estimula os petistas a ir para cima de Marina. Existe, no entanto, um exemplo oposto. Em 2008, também na eleição municipal em São Paulo, Marta Suplicy, em queda nas pesquisas, levou ao ar no rádio e na televisão um programa com questionamentos sobre a vida privada de seu adversário Gilberto Kassab. “Você sabe mesmo quem é o Kassab? É casado? Tem filhos?” A insinuação de mau gosto teve o efeito de uma bigorna amarrada aos pés de Marta. Ela perdeu a eleição.
O marqueteiro de Dilma, João Santana, também responsável pelas campanhas de Haddad em 2012 e de Marta em 2008, busca uma síntese entre esses dois caminhos. A estratégia é semelhante à dos tucanos: bater pouco agora, ir aumentando gradativamente. A campanha de Dilma deverá começar a atacar Marina Silva a partir do mês que vem, com mais intensidade na reta final do primeiro turno. Por duas razões. Primeiro, porque pesquisas internas do PT sugerem um risco, ainda pequeno, de Marina virar presidente já no dia 5 de outubro. Segundo, porque Marina não poderá chegar ao segundo turno com uma taxa de rejeição muito abaixo da apresentada hoje por Dilma. Na segunda fase da eleição, a rejeição tem um peso fundamental.
Há ainda uma corrente do PT que defende críticas incisivas a Marina por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ela foi ministra do Meio Ambiente. Neste momento da campanha, Lula deverá ser preservado. De imediato, os ataques petistas se concentrarão nas redes sociais e questionarão as posições pessoais de Marina em relação ao aborto e à união civil entre pessoas do mesmo sexo, que a aproximam de um campo mais conservador. Enquanto tucanos e petistas se esforçam em busca de um antídoto contra Marina, os aliados dela se preparam. “Espero que todo mundo bata o quanto puder, porque apresentaremos propostas e programa de governo. Bater não funciona”, diz o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral. Ele quer evitar o nocaute – e, no mínimo, levar Marina a uma vitória por pontos.
A disputa pelo voto da classe C
Quando virou mãe, a dona de casa paulistana Gabriela de Oliveira, de 24 anos, ganhou uma segunda residência: a Santa Casa de Misericórdia, no centro de São Paulo. Sua filha, a pequena Kamilly Vitória, hoje com 6 anos, teve sua primeira convulsão logo na primeira hora de vida. Foi diagnosticada com epilepsia e, a partir daí, as crises a levaram ao hospital por incontáveis vezes. Com Arthur, o filho mais novo, não foi diferente. Ele sofre de bronquite asmática e, antes de completar o primeiro ano de vida, já contava quatro internações, com tubos no nariz. Gabriela e o marido, Rômulo, de 28 anos, moram na periferia da Zona Norte de São Paulo. Os quase 10 quilômetros que separam sua casa do hospital nunca pareceram tão intransponíveis como numa madrugada do ano de 2009. Kamilly despertou por volta de 2 da manhã com febre alta e o corpo tremendo, os primeiros sinais da convulsão. A madrinha da menina, acostumada a ajudar nessas ocasiões, não estava em casa. Ônibus nenhum passava àquela altura da noite. O casal recorreu então ao Samu. Foi informado de que não havia ambulância disponível. Impotentes e desesperados, Gabriela e Rômulo pegaram a filha nos braços e, por mais de uma hora, caminharam entre as vielas do morro até a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Como também não contavam com um carrinho de bebê, revezaram-se com a garota no colo. Passada a crise, Gabriela e Rômulo perceberam que comprar um carro – mesmo sem ter dinheiro no bolso – era fundamental para a saúde e a sobrevivência da filha.
A vida de Gabriela melhorou nos últimos anos. Ela deixou o cômodo pouco arejado que dividia com mais dois irmãos na casa da mãe para ocupar um quarto espaçoso, só dela e do marido, na casa da sogra. Responsável pelas contas da família, Rômulo trabalha como supervisor numa distribuidora de peças automotivas. Ele tem carteira assinada e já chegou a ter plano de saúde empresarial. As roupas dos filhos estão sempre impecáveis. As fraldas de Arthur são as mais caras do supermercado. Na geladeira, não faltam iogurtes de sabores variados para as crianças. Os smartphones de última geração, com acesso pré-pago à internet, estão sempre à vista pela casa. Com tão pouca idade, Kamilly tem um tablet só para ela. A situação econômica permitiu também a compra do tão sonhado (e necessário) carro próprio, um Fiesta ano 1998, pago em sofridas 48 parcelas de R$ 380, num total de R$ 18.240. Se comprado à vista, o mesmo modelo usado sairia por menos de R$ 13 mil.
Prestações a perder de vista, o desejo de consumir itens para além da cesta básica e o deslumbre com a tecnologia traçam o retrato fiel de uma camada da sociedade que emergiu no Brasil nas últimas duas décadas: a classe C. O termo “classe C” começou a ser usado com frequência no início do governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele identificava o contingente de brasileiros repentinamente incluídos no mercado de consumo graças ao fim da inflação – a percentagem de brasileiros na classe C saltou de 31% dos brasileiros, em 1993, para 37% em 1998, segundo dados da Fundação Getulio Vargas. Nos dois mandatos do PSDB, a classe C também se beneficiou do maior programa de expansão da educação básica da história brasileira. Veio o governo Lula, e a classe C continuou ganhando. Ela passou a ser beneficiária da expansão dos programas sociais durante os dois mandatos petistas e também da onda de crescimento econômico. O contingente de classe C subiu de 37% para 54% da população entre 2002 e 2010, segundo os mesmos dados da FGV.
Maria Alice Setubal: “O que o PT faz hoje é de esquerda? Não sei “
Entre os principais colaboradores de Marina Silva, a candidata do PSB à Presidência, nenhum ganhou tanta visibilidade nos últimos dias quanto a socióloga Maria Alice Setubal, conhecida como Neca. Amiga de Marina, indicada por ela para coordenar o programa de governo de sua coligação, Maria Alice, de 63 anos, virou alvo preferencial dos ataques de outros candidatos, por ser filha do banqueiro Olavo Setubal, um dos maiores acionistas do banco Itaú, morto em 2008. Casada pela segunda vez, com o empresário Paulo Almeida Prado, dono do hotel Fazenda Capoava, em Itu, no interior de São Paulo, com três filhos do primeiro casamento, Maria Alice se dedica hoje, praticamente em tempo integral, ao mundo da política e à campanha eleitoral. Nesta entrevista, ela fala de sua ligação com Marina, de sua atuação política e do preconceito que sofreu por ter nascido em família rica e viver em redutos da esquerda. “Tenho orgulho de minha família e entendo que minha origem seja importante, mas não faz sentido reduzir meu currículo a isso”, diz.
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