Em cerca de três horas de reunião no Palácio do Planalto, o presidente Lula debateu nesta tarde os efeitos da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), que levou à cadeia, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Eles são acusados de operar um bilionário esquema de movimentações financeiras irregulares, mas já estão em liberdade graças aos habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes.
Reunido com o vice-presidente da República, José Alencar, e com os ministros Tarso Genro (Justiça), Dilma Rousseff (Casa Civil), José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Paulo Bernardo (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), e Franklin Martins (Comunicação Social), Lula avaliou positivamente os trabalhos da PF, apesar das críticas negativas aos supostos caráter midiático da Operação e uso indevido de algemas – este particularmente condenado por Lula. O ministro Guido Mantega (Fazenda) não participou da reunião porque está de férias.
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O ministro Tarso Genro fez uma explanação minuciosa sobre a Operação. Ao final da exposição, Lula e seus auxiliares chegaram à conclusão de que a Operação trará resultados consistentes, e que foi um sucesso do ponto de vista do combate ao crime organizado. Todos foram unânimes em destacar a legalidade com que os agentes da PF realizaram escutas telefônicas e executaram mandatos de prisão e de busca e apreensão.
Apenas dois problemas foram apontados pela coordenação política do governo: a divulgação exclusiva de imagens da Satiagraha pela Rede Globo de Televisão, e os possíveis atritos entre a Agência Brasileira de Inteligência e a PF acerca dos procedimentos investigativos. Já o suposto envolvimento do chefe do gabinete pessoal de Lula, Gilberto Carvalho, no vazamento de informações referentes às investigações da PF não foi comentado. Os participantes da reunião ressaltaram como positivo o fato de Carvalho ter divulgado nota à imprensa na qual nega as acusações.
Ética
A Comissão de Ética Pública, colegiado vinculado à Presidência da República, deve analisar a suposta participação de Gilberto Carvalho no vazamento de informações à imprensa sobre a ação da PF. Uma reunião dos membros da Comissão está marcada para o dia 4 de agosto.
De volta das férias que tirou no estado de Goiás, Carvalho disse estar “tranqüilo”, e foi apoiado por publicamente pelo vice-presidente José Alencar, que o elogiou tanto na área pessoal quanto profissionalmente.
Rendido
Mais cedo, o homem que seria o braço direito de Dantas, Humberto Braz, entregou-se às autoridades da Polícia Federal. Foragido desde a deflagração da Operação, Braz é acusado de ter sido o emissário de Dantas na tentativa de suborno à agentes da PF, com o objetivo de excluir o nome do dono do Opportunity das investigações.
A defesa de Braz já protocolou pedido de habeas corpus para seu cliente. O advogado que ajuizou o pedido de liberdade provisória acredita que, de acordo com a tendência sinalizada pelo ministro Gilmar Mendes, os habeas corpus concedidos anteriormente a Dantas, Nahas e Pitta podem ser estendidos a Braz. (Fábio Góis)
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