“Mesmo tendo certeza da vitória na convenção, preocupado com a eleição de seus amigos parlamentares, deputados estaduais e deputados federais, que precisam de coligação para se reelegerem e, considerando ainda, sua história de vida que sempre foi de construtor de pontes, acata a decisão de ontem, 22 de abril, tomada pela maioria da bancada do PMDB”, disse o comunicado divulgado pela assessoria do senador.
Leia também
A desistência do senador ocorre um dia após o deputado e ex-ministro da Agricultura Antônio Andrade (PMDB-MG), que preside o diretório estadual, confirmar sua pré-candidatura a vice de Fernando Pimentel. E o empresário Josué Gomes (PMDB), filho do ex-vice-presidente José Alencar, ser anunciado como candidato ao Senado pela mesma chapa. A decisão foi tomada ontem (23) em reunião das bancadas estadual e federal do PMDB mineiro. As candidaturas devem ser oficializadas apenas em junho, quando serão realizadas as convenções partidárias.
Clésio era candidato a vice na chapa encabeçada pelo ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Segundo a Procuradoria-Geral da República, a campanha recebeu recursos de um esquema operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes, pivô do mensalão que levou o governo Lula à sua maior crise.
Em 2002, Clésio se elegeu vice-governador de outro tucano, o hoje senador e pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves. Pelo Partido da República, chegou ao Senado em 2011, com a morte do então senador Eliseu Resende (DEM-MG), de quem era suplente. Em março de 2012, trocou o PR pelo PMDB. Recentemente, ele chegou a defender que o partido apoiasse, em Minas, tanto Aécio quanto Dilma nas eleições presidenciais.
Marcos Valério
PublicidadeEx-sócio de Marcos Valério, operador do mensalão petista e do PSDB mineiro, Clésio Andrade responde a quatro investigações no Supremo. Na Ação Penal 606, é acusado de peculato e lavagem de dinheiro no valerioduto tucano, em 1998.
O Ministério Público afirma que foram desviados R$ 3,5 milhões de companhias estatais para a campanha eleitoral por meio de patrocínios. O episódio também rende uma investigação cível (PET 3067) contra o senador. Aberta há dez anos, a denúncia pede a devolução de R$ 12 milhões aos cofres públicos por parte de Clésio, Azeredo, Valério e outros réus.
No inquérito 3530, apuram-se crimes contra a incolumidade pública e incêndio por parte do senador e de outros investigados envolvidos no mensalão mineiro.
Em nota à Revista Congresso em Foco, o senador disse não ter participado do planejamento financeiro e dos gastos da campanha eleitoral. Segundo ele, uma investigação da Polícia Federal concluiu não haver indícios de sua participação nos fatos. Clésio ressaltou que deixou de ser sócio de Valério antes dos repasses dos patrocínios. Ele ainda responde ao Inquérito 3131, por lavagem de dinheiro. O senador afirma que foi incluído de “forma indevida” na investigação.
No início deste mês, outro pré-candidato ao governo de Minas também teve seu nome associado ao esquema de Marcos Valério. O ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB) foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro. A suspeita é de que ele recebeu R$ 300 mil das agências de publicidade de Valério. O tucano alega que o valor repassado pela agência de publicidade SMP&B se refere a pagamento de serviços prestados por seu escritório de advocacia, em 2003.
Leia mais sobre o mensalão mineiro