O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encaminhou hoje uma carta a todos os senadores rebatendo denúncias feitas contra ele pela revista Veja. Segundo a edição desse fim de semana, o peemedebista usou laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. (leia mais)
Para Renan, Veja é uma publicação “sem limites éticos e qualquer critério jornalístico, travestida de tribunal político”, que “vem difundindo inverdades”, “tentando desonrar” seu mandato e “dificultar” sua permanência na presidência do Senado.
De acordo com o parlamentar alagoano, “é nítido o propósito da revista de manter aceso, artificialmente, o pseudo-escândalo por ela mesma criado”, numa referência às denúncias de que o senador teria despesas pessoais pagas por um lobista e que também teria ajudado a cervejaria Schinchariol em um imbróglio com a Receita Federal e o INSS, depois de a fabricante de cervejas comprar, por preço acima do valor de mercado, uma empresa do deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão do senador. (leia mais)
Leia também
“Como as primeiras acusações já foram por mim rebatidas definitivamente, agora fabricam outras, no embalo das maledicências provincianas e do ressentimento dos derrotados", afirma o texto.
“Reafirmo a vossa excelência que sempre preservei a dignidade do cargo que ocupo”, afirma o senador. "De minha parte, asseguro a vossa excelência que tanto no plano ético quanto no plano moral nada devo", finaliza.
Contra-ataque
De acordo com Renan, existe “uma nebulosa transação de cerca de R$ 1 bilhão, envolvendo a venda de uma concessão de canal de televisão pelo Grupo Abril, proprietário da revista Veja, a uma empresa estrangeira”. ”Talvez fosse o caso de investigar o negócio bilionário que se deseja manter na obscuridade”, dispara Renan.
Obstrução
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), afirmou hoje na tribuna do Senado que vai orientar a sua bancada a não votar mais nenhuma matéria sob a presidência de Renan Calheiros. Segundo Agripino, a obstrução será para “preservar a responsabilidade cívica do partido e a dignidade da Casa”. (leia mais)
Por sua vez, o Psol, partido autor da representação que deu origem ao processo contra o presidente do Senado no Conselho de Ética, vai pedir amanhã ao presidente do colegiado, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), para incluir as novas denúncias contra Renan nas investigações do conselho. (Rodolfo Torres)
Confira a íntegra da carta encaminhada aos senadores
"Prezada amigo (a).
Como é notório, uma revista semanal, sem limites éticos e qualquer critério jornalístico, travestida de tribunal político, vem difundindo inverdades, tentando desonrar o mandato que me foi legitimamente outorgado pelo povo de Alagoas, e dificultar a minha permanência na direção da Casa.
Reafirmo a vossa excelência que sempre preservei a dignidade do cargo que ocupo.
Jornalistas e repórteres são as mais expressivas testemunhas do meu respeito pela liberdade de imprensa. No entanto, reajo com veemência a essas reiteradas torpezas.
É nítido o propósito da revista de manter aceso, artificialmente, o pseudo-escândalo por ela mesma criado. Como as primeiras acusações já foram por mim rebatidas definitivamente, agora fabricam outras, no embalo das maledicências provincianas e do ressentimento dos derrotados.
A derradeira frustração foi tentar me envolver numa negociação da Schincariol em Alagoas, quando logo ficou claro que nada tenho a ver com a empresa vendida.
Dessa vez, além da capa, a revista reservou generosas páginas para destilar vilanias. E mais uma vez mentiu.
Grande parte da nação está curiosa. Quer saber o que está por trás de tudo isso, desta voraz e contínua tentativa de linchamento moral. Desses ataques que não cessam.
Patriotismo? Compromisso ético com a lisura e o comportamento dos homens públicos? Ou, quem sabe, usar-me como cortina de fumaça para que, por suas sombras, acabe por ser celebrada uma nebulosa transação de cerca de R$ 1 bilhão, envolvendo a venda de uma concessão de canal de televisão pelo Grupo Abril, proprietário da revista Veja, a uma empresa estrangeira?
Este, sim, um assunto que verdadeiramente interessa à sociedade brasileira. Talvez fosse o caso de investigar o negócio bilionário que se deseja manter na obscuridade.
Ninguém ignora o poder dessa gente. Aliás, poder ostensivamente demonstrado na série interminável de reportagens infamantes, editadas para garantir que detalhes sórdidos da operação não venham à tona.
De minha parte, asseguro a vossa excelência que tanto no plano ético quanto no plano moral nada devo.
Não irei decepcioná-lo (a).
Afetuosamente,
Senador Renan Calheiros"
Deixe um comentário