A derrubada do decreto foi orquestrada por Henrique Alves em conjunto com a oposição, além de boa parte dos aliados. Segundo Renan, existe um clima de “insatisfação” também entre os senadores, em razão da polêmica que o assunto causou ao ganhar o noticiário. “Ela [a matéria] ser derrubada na Câmara não surpreendeu, da mesma forma que não surpreenderá se for – e será – derrubada no Senado”, declarou o senador.
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Renan rebateu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para quem a rejeição do decreto na Câmara foi uma imposição “conservadora” com o objetivo de imprimir a “primeira derrota” à presidenta Dilma Rousseff depois de sua reeleição. “Mais uma vez, o ministro não está sabendo nem o que está falando”, disse. Mas o senador do PMDB negou que a postura dos deputados signifique uma retaliação ao tratamento que o Palácio do Planalto supostamente dispensou à base aliada.
“Esta dificuldade já estava posta desde antes das eleições, e apenas se repete. Essa história da criação dos conselhos é uma coisa conflituosa, não prospera consensualmente no Parlamento”, acrescentou Renan. Ele disse ainda que consultará os líderes de bancada no Senado para definir data de apreciação plenária da matéria, para a qual o PSDB já solicitou urgência de votação.
Divergência explícita
O decreto presidencial tem causado controvérsia desde junho. O próprio presidente da Câmara já havia se manifestado em plenário contra o decreto, sob a argumentação de que suas diretrizes incorporam prerrogativas que são do Parlamento. Henrique Alves classificou como “histórica” a sessão que derrubou o decreto, comemorando a “manifestação de altivez e democracia desta Casa”.
Apenas PT, PCdoB e Psol se mantiveram ao lado do governo durantes a sessão de ontem, enquanto o Pros liberou sua bancada. Para impedir a votação, deputados fiéis ao Planalto recorreram à apresentação de requerimentos, mas foram derrotados. Cerca de duas horas e meia de discussão foram necessárias para superar a obstrução anunciada pelos partidos. Por fim, o decreto presidencial foi rejeitado em votação simbólica, quando é dispensada a contagem nominal de votos.
Publicado em 23 de maio, o decreto regulamenta o funcionamento dos conselhos populares junto aos órgãos da administração pública, além de vincular as decisões desses conselhos a ações governamentais de cunho social. Para aliados do Planalto, o texto apenas coloca ordem no que já existe, não obrigando os gestores a cumprirem as sugestões de cada colegiado. Já para críticos, o texto tem “inspiração bolivariana” por usurpar funções do Congresso.
Dilma sofre primeira derrota após eleições na Câmara