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Na nota, o senador afirma que a acusação de Gurgel “padece de suspeição e possui natureza nitidamente política”. “O inquérito é de agosto de 2007 e, apesar de se encontrar parado na Procuradoria da República desde fevereiro de 2011, a denúncia foi protocolada exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a Presidência do Senado Federal”, criticou Renan. “Trata-se de atitude totalmente incompatível com o habitual cuidado do Ministério Público no exercício de suas nobres funções.”
Antes da nota de ontem, Renan nunca admitira ser candidato ao Senado. Trabalhando reservadamente, o senador se limitava a dizer à imprensa apenas que o PMDB estava “unido” e que certamente haveria um candidato do partido. Agora, proposital ou inadvertidamente, o líder do PMDB se expõe publicamente para uma disputa marcada para a próxima sexta-feira (1º). Seus adversários, até o momento, são Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT).
PublicidadeNa nota, o senador relembra que, como mostrou o Congresso em Foco, foi ele mesmo quem pediu à Procuradoria Geral da República que o investigasse. Diz que forneceu os documentos “verdadeiros” além de papéis sobre seus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Na verdade, Renan gostaria que a apuração a inocência no caso dos bois. Na nota de hoje, o senador disse esperar que o Supremo o julgue “num ambiente de imparcialidade”.
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Notas frias
Em 2007, quando era presidente do Senado, Renan foi acusado por Mônica Veloso, sua ex-amante, de usar dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para pagar suas despesas com a pensão do filho e do aluguel da jornalista. Para comprovar que tinha condições de arcar com os gastos sozinho, o senador apresentou notas fiscais de vendas de bois. Mas a Polícia Federal apontou que aqueles documentos não garantiam recursos para quitar a pensão. Também afirmou que os papéis não comprovavam a venda de gado. Havia a suspeita que as notas eram frias. O caso levou o senador a deixar a presidência do Senado, cargo que agora volta a postular.
Houve crise no Senado. A empreiteira Mendes Júnior – apontada como a fonte de recursos de Renan para pagar a pensão da jornalista – executou uma obra no Nordeste que recebeu uma emenda do senador na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A suspeita chamou atenção para outra. Houve seis denúncias no Conselho de Ética contra Renan. Em duas, o plenário analisou se cassaria seu mandato, mas ele escapou.
Todavia, o senador teve de renunciar ao cargo de presidente da Casa para garantir a sobrevida política. Em 2008, “mergulhou”. No ano seguinte, já era líder do PMDB no Senado. Desde 2012, costura sua candidatura nos bastidores. E ontem à noite, lançou-a oficialmente ao ver seu nome relacionado com o escândalo que levou à sua derrocada em 2007.
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