Ambos foram citados em delações premiadas do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, considerado o líder do esquema de corrupção. Segundo as investigações da força-tarefa da Lava Jato, Renan foi apontado em vários depoimentos como mentor de um acordo para que o doleiro comprasse ativos da ordem de R$ 50 milhões de um fundo de pensão dos Correios. O senador sempre negou a acusação.
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Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi apontado em depoimentos do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, como um dos beneficiários do esquema. De acordo com depoimento de Careca à Justiça Federal do Paraná encaminhado ao ministro Teori Zavascki, responsável pela condução da Lava Jato no Supremo, o policial entregou envelopes com dinheiro na residência do presidente da Câmara. Tanto a defesa de Cunha, quanto a de Youssef, contestaram a informação de Jayme. O policial era tido como uma espécie de office boy do doleiro.
Além disso, conforme informações do jornal O Globo, ambos foram avisados pelo Planalto e pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) de que estariam na lista dos investigados. Tanto o Planalto, quanto a vice-Presidência, negaram essa informação.
Durante a tarde, o presidente da Câmara disse que não foi avisado por ninguém. “Não fui avisado por ninguém, ninguém me avisou de nada. Quem publicou isso publicou uma mentira. Se eventualmente está ou não está (na lista) é um outro problema, agora avisado eu não fui por ninguém”, afirmou Cunha.
Conforme o Congresso em Foco apurou, existiu também a possibilidade de pedido de abertura contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas não houve consenso entre os procuradores responsáveis pelas investigações da Lava Jato, devido à insuficiência de provas até agora levantadas contra o tucano.
A Procuradoria-Geral da República pediu a investigação de 54 pessoas, em 28 inquéritos. As investigações são contra pessoas com foro privilegiado (deputados federais, senadores e ministros) e sem foro privilegiado. A PGR pediu sete arquivamentos por entender que não houve elementos suficientes para a continuidade das investigações em alguns casos. Governadores serão investigados no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ex-parlamentares e ex-governadores responderão na Justiça Federal do Paraná.
Além de Renan e Eduardo Cunha, outro parlamentar que deve figurar na lista dos investigados é o ex-presidente da República e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Durante as investigações da Lava Jato, foram identificados depósitos bancários em favor do senador feitos pelo Posto da Torre, em Brasília. O posto de gasolina é tido como uma espécie de caixa eletrônico a políticos envolvidos no esquema.
Collor também é apontado como beneficiário de um acordo entre o grupo de Youssef, uma rede de postos de São Paulo e a BR Distribuidora, no valor de R$ 300 milhões. Segundo delatores, por ajudar a mediar esse acordo, o petebista recebeu R$ 3 milhões de propina.
Ao protocolar os pedidos de inquérito, Janot pediu a divulgação do conteúdo das delações premiadas feitas até o momento. O ministro Teori Zavaski já se manifestou nos bastidores ser a favor da abertura do sigilo das investigações.