O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e seu irmão, o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL), são acusados pelo Ministério Público Federal de Alagoas de ocultar que são donos de propriedades rurais na região de Murici (AL). Segundo o jornal O Globo, o senador e o deputado usariam laranjas para esconder que são donos de fazendas.
As denúncias foram apresentadas ao MP pelos primos Antônio Gomes de Vasconcelos e Dimário Cavalcante Calheiros. Dimário, que é irmão de criação de Renan, afirma que o senador comprou dele em 2002 a Fazenda Novo Largo, no município de Flexeiras, vizinho a Murici. A propriedade não consta, contudo, da declaração de bens de Renan.
O presidente do Senado alegou que possui "rendimentos agropecuários" para justificar os gastos de R$ 16,5 mil com a pensão da filha e o aluguel de um apartamento que, segundo a revista Veja, seriam pagos pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. O vencimento mensal do senador é de R$ 12,7 mil.
Dimário procurou o Ministério Público após saber que constava como proprietário da Fazenda Cocal, em Murici, sem nunca ter negociado as terras. Como as fazendas serão desapropriadas, ele suspeita que tenha sido usado como laranja pelos próprios familiares, que estariam em busca das indenizações milionárias previstas no plano de recuperação ambiental da região.
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Certidões de cartório às quais O Globo teve acesso revelam que Olavo Calheiros e sua mulher, Ana Weruska Maria de Cerqueira Calheiros, são donos de outras duas fazendas – a Santa Rosa e a Santo Aleixo. Mas as propriedades também não constam de suas declarações de bens.
Apesar da denúncia, o MP não investiga os negócios da família Calheiros porque, como os parlamentares têm foro privilegiado, só o Supremo Tribunal Federal pode fazê-lo. Os documentos a que a reportagem do jornal O Globo teve acesso constam de um procedimento administrativo instaurado para apurar denúncias de desmatamento na Estação Murici, que faz parte da Mata Atlântica. (Carol Ferrare)