O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros, disse, na tarde de hoje (4), durante a sessão que pode cassar seu mandato, que as acusações contra ele são equivocadas. Ele cantou vitória ao afirmar que as denúncias de comprar empresas de comunicação com laranjas serão refutadas. De sua parte, Garibaldi Alves Filho está confiante de que vai suceder Renan.
“Daqui a pouquinho nós vamos ver que essa acusação que o Senado pára para julgar é uma coisa absolutamente improcedente. Não há uma prova contra mim. Até a perícia que eu pedi foi recusada”, disse Renan no plenário. Nos corredores da Casa, o comentário é que o ex-presidente, que renunciou ao mandato hoje, vai apresentar documentos que garantem sua inocência.
Ele disse que o melhor candidato à presidência deve unir o PMDB e a Casa inteira. “Que tenha postura para responder a esse difícil momento político que vivemos quando ficou claro que a luta que havia era pela presidência do Senado”, criticou Renan.
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Conjunto da "ópera"
O ex-presidente da Casa condenou o relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que recomendou sua cassação. “O parecer é uma coisa totalmente equivocada, para não dizer indigna. Como pode cassar um mandato por 15 anos e meio por meras suposições?”, reclamou Renan.
Para ele, o relatório, além de não considerar adequadamente sua defesa, é excessivamente extenso. "O relatório é muito denso, tem cem páginas. É um conjunto da ópera", ironizou.
O senador alagoano também falou sobre o discurso "conciliador" que proferiu logo no início da sessão de hoje. "Meu gesto foi para deixar que quem será julgado não é o presidente do Senado, e sim o senador Renan Calheiros. É mais uma demonstração de que eu não estou usando minhas prerrogativas institucionais para me defender", explicou.
Renan acusa os adversários políticos pela grave crise por que passa a instituição. "Quando estive diante de uma campanha – e todo mundo sabe que é uma campanha – eu não renunciei porque minha renúncia poderia significar, naquele momento, dar razão às inverdades que diziam a meu respeito".
"Preferi, na presidência do Senado, fortalecendo a instituição, responder uma a uma todas as acusações, que vão se tornando acusações sem pé nem cabeça, porque são infundadas, inverídicas, conseqüência do ódio de adversários políticos regionais, de meu estado. Isso mais uma vez vai ficando claro", discursou.
Em outro momento, Renan foi diplomático: disse que não guarda mágoa de seus pares. "Eu compreendo o processo político. Tão logo renunciei, a discussão seria a eleição para escolher o novo presidente, o que deixa absolutamente claro que o que estava em jogo o senador Renan Calheiros, era a cadeira da presidência do Senado."
Finalmente, comentou também o suposto vínculo entre a questão da CPMF e os processos a que responde no Conselho de Ética. "Em todos os momentos, separamos as duas questões. Uma coisa é o julgamento com relação à quebra ou não da falta (sic) de decoro, e outra coisa é a votação da renovação de uma contribuição", alegou Renan, caprichando na assonância. "Não tem absolutamente nada a ver." (Eduardo Militão e Fábio Góis)