Matéria publicada hoje (11) no Correio Braziliense informa que o presidente licenciado do Senado, Renan Caheiros (PMDB-AL), deve mesmo pedir a prorrogação de sua licença da presidência, anunciada no dia 11 de outubro. Válida por 45 dias, o prazo da licença vence no próximo dia 26, uma segunda-feira.
O possível pedido de prorrogação é estratégico, dizem senadores aliados. Renan acredita que não deve renunciar ao posto neste momento, uma vez que um dos processos a que responde no Conselho de Ética, em que é acusado de usar laranjas em compra de veículos de comunicação em Alagoas, não avançará de forma acelerada. Pelos cálculos de Renan, o caso na irá a plenário antes do final da primeira semana de dezembro. No entanto, ele já admite que dificilmente voltará a tomar as rédeas da Casa.
Segundo a reportagem do Correio, o senador alagoano considera que renunciar à presidência agora seria como assinar “atestado de culpa” aos seus pares. Além do mais, ele acredita que os assuntos em destaque no noticiário não são mais sua provável sucessão e os processos no Conselho de Ética, mas sim temas como a CPMF. Procurado por jornalistas para dar declarações sobre assuntos variados, Renan se limita a dizer que seu foco é provar sua inocência. “O resto mais é secundário”, disse Renan ao Congresso em Foco, na última quinta-feira (8). (leia mais)
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O jornal brasiliense aponta que os “dias de paz” de Renan Calheiros estão contados, diante da iminência da leitura do parecer do senador Jefferson Peres (PDT-AM), relator do processo supracitado, o que deve acontecer nesta semana. Dentro do Senado, é ponto pacífico que Péres apresentará parecer pedindo a cassação do peemedebista. Trata-se do processo mais “complicado” para o senador alagoano, pela abundância e contundência das provas contra ele.
Na espreita
Enquanto se aproxima a definição dos rumos de Renan Calheiros no Senado, a sucessão à presidência da Casa já começa a se desenhar. E um dos postulantes ao posto é o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que diz ser o “candidato do cochilo”, como registra o Correio. Garibaldi foi o primeiro a se lançar como candidato à vaga de Renan, mesmo sem que a renúncia tenha sido anunciada. O senador potiguar, no entanto, não tem o apoio do governo para presidir o Senado.
Outros senadores também estão à espreita esperando uma chance para que seus nomes possam ser emplacados. Valdir Raupp (líder do PMDB no Senado) e Gerson Camata (PMDB-ES) são dois exemplos, mas sem muita aceitação por parte da oposição. Outros peemedebistas também teriam chances: Pedro Simon (RS), Edison Lobão (MA) e José Maranhão (PB), além do cacique do partido, José Sarney (AP), que já anunciou que só volta ao posto se for por aclamação. Sarney já havia presidido a Casa em dois períodos, entre 1995 e 1996 e entre 2003 e 2004.
Enquanto isso, Tião Viana (PT-AC) tenta mostrar serviço na condução dos trabalhos. O PT sonha em mantê-lo no cargo, mas dois fatores logo trazem a legenda à realidade. Como tem o comando da Câmara, cujo presidente é o petista Arlindo Chinaglia (SP), e do Palácio do Planalto, com seu petista-mor, Luiz Inácio Lula da Silva, no poder, seria considerado extremo abuso fechar a “tríplice coroa” com a presidência do Senado.
Além disso, o PMDB, maior bancada da Casa (com 27 senadores), não aceitaria perder o comando com a cada vez mais provável (e traumática) saída de Renan Calheiros. Caso o partido seja contrariado, o governo corre risco certo de não conseguir aprovar matérias tidas como essenciais no Planalto, como a aprovação da cobrança da CPMF por mais quatro anos. (Fábio Góis)