Em entrevista ao Jornal do Brasil, publicada hoje, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), exibe o discurso que já preparou para rebater eventuais críticas ao relatório final da comissão, que não será mais apresentado terça-feira, devido a uma combinação de trabalho atrasado e divergências entre parlamentares.
Segundo Delcídio, a CPI não tem estrutura nem autorização legal para investigar todas as denúncias feitas contra partidos e políticos, seja de uso de recursos de caixa dois em campanha eleitoral, seja de apropriação ilegal de dinheiro público por meio de corrupção.
Pré-candidato ao governo do Mato Grosso do Sul pelo PT e interessado em colocar a campanha na rua o mais cedo possível, Delcídio não admite, em público, o adiamento da data de apresentação do relatório. Nos bastidores da comissão, no entanto, o adiamento é dado como certo. O trabalho está atrasado e sobram divergências entre parlamentares e partidos.
A nova lista de deputados envolvidos no mensalão, os quais teriam recebido recursos de corretoras que realizaram operações responsáveis por prejuízos em fundos de pensão, ainda não está fechada. A expectativa é de que, nesta segunda-feira, seja concluída a relação.
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Também amanhã, Delcídio, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) devem reunir-se para discutir as esperadas conclusões da Sub-relatoria de fundos de pensão, comandada pelo parlamentar baiano.
Na semana passada, ACM Neto acusou Serraglio de aceitar ingerências do PT e de entidades de previdência que poderiam desqualificar o trabalho da sub-relatoria. O encontro tem como objetivo passar a história a limpo e acertar os ponteiros entre os dois.
Há pendências, ainda, em relação às sugestões de indiciamento que serão feitas pela CPI dos Correios. A preocupação maior é com o embasamento das recomendações ao Ministério Público. Teme-se o anúncio de pedidos de indiciamento que, por fragilidade jurídica, sejam depois derrubados na Justiça.
Não bastassem os problemas de ordem prática, os parlamentares ainda têm de negociar, reservadamente, um acordo entre os partidos que permita a aprovação do relatório final. Um dos temas polêmicos é a citação do presidente Lula e a avaliação de sua conduta em relação ao mensalão, assunto que pode incendiar a disputa eleitoral entre PT e PSDB. Serraglio já manifestou a intenção de enfatizar, no relatório, que Lula tomou conhecimento do mensalão bem antes de ele começar a ser investigado.
“Há um embate político. Temos de entender que é nesse clima que discutiremos o relatório”, disse Delcídio.
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