O jornal O Globo divulgou, na edição deste domingo, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Terra. O relatório está pronto desde sexta-feira (18) e se mostra bastante controverso. O relator, deputado João Alfredo (PSOL-CE), não poupa críticas a ruralistas e entidades patronais do campo, mas preserva grupos que considera lutarem pela reforma agrária, principalmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No meio das 150 recomendações de seu relatório, João Alfredo pede ao Ministério Público Federal que indicie o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, por porte ilegal de arma e contrabando. João Alfredo diz que a UDR é uma entidade polêmica do patronato rural e que seu crescimento coincidiu com o aumento da violência no campo. Afirma que a UDR é violenta e que alguns de seus líderes respondem a processos por crimes contra trabalhadores em luta por terra.
O MST recebe elogios e aparece no documento como “herdeiro das grandes lutas populares dos últimos 500 anos”. O relatório cobra o cumprimento da meta de assentar 450 mil famílias até o fim de 2006. Dedicado às vítimas da violência no campo, destaca que o Brasil tem um dos mais altos índices de concentração fundiária do mundo: 2,6% dos imóveis rurais ocupam 51,3% da área das fazendas. As pequenas propriedades (90,4% dos imóveis) ocupam só 27% da área cadastrada no Incra.
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João Alfredo excluiu, das conclusões, relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) apontando irregularidades na Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), da Confederação Nacional das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab) e do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra).
Ao saber da notícia, o presidente da UDR, Luiz Antônio Nabhan Garcia, reagiu às acusações de João Alfredo. Nabhan acusou o relator de “advogar para o MST” e, por isso, não ter legitimidade para relatar a questão fundiária. “João Alfredo é um radical de esquerda e o MST é uma facção criminosa e revolucionária, que responde a processos por desvio de verba. Seus líderes estão condenados a dez anos de cadeia”, disse, ao jornal carioca.