O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) recomendou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara a cassação do mandato do deputado André Vargas (sem partido/ ex-PT-PR), que responde a um processo no colegiado por suposto envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março último para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
Relator do processo, Júlio Delgado concluiu que Vargas quebrou o decoro parlamentar ao ter atuado na intermediação junto ao Ministério da Saúde em favor do laboratório Labogen, de Alberto Youssef, e também errou ao viajar em um jatinho providenciado pelo doleiro.
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“O deputado André Vargas se insere no contexto de uma imensa rede criminosa especializada na lavagem de dinheiro e na evasão de divisas como o agente responsável por abrir as portas de órgãos da administração pública direta e indireta para que o Labogen pudesse voltar a atuar no mercado bioquímico, principalmente em parcerias com o próprio governo”, diz Delgado em trecho do parecer, apresentado ao conselho quase na madrugada desta quarta (6).
Pedido de vista
Os deputados Sibá Machado (PT-AC), Zé Geraldo (PT-PA), Izalci (PSDB-DF) e Rosane Ferreira (PV-PR) pediram vista do parecer. Por isso, a apreciação do parecer pelo conselho foi adiada e a votação deve ocorrer somente em setembro. A Câmara marcou para a primeira semana do que mês que vem outro “esforço concentrado”, considerando que os parlamentares estão envolvidos com campanhas eleitorais.
Caso seja aprovado pelo Conselho de Ética, o parecer, com a recomendação pela perda do mandato, ainda precisa ser encaminhado ao plenário da Câmara para votação aberta.
PublicidadeAndré Vargas compareceu ontem ao Conselho de Ética e sustentou que não houve quebra de decoro. No entanto, ele disse que pretendia prestar depoimento somente hoje, após oitivas de quatro testemunhas de defesa, e que não estava preparado naquele momento para responder questões. O pedido foi rejeitado.
O ex-petista, que ocupava o cargo de vice-presidente da Câmara antes do escândalo, anunciou que vai recorrer à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara e ao Supremo Tribunal Federal (STF) sob o argumento de que houve cerceamento ao seu direito de defesa.
O relator rebateu dizendo que todas as testemunhas listadas pela defesa e o próprio Vargas foram convidados para depor no conselho, mas alguns não compareceram. Júlio Delgado vê manobra por parte do parlamentar paranaense na tentativa de manter o mandato e atrasar o desfecho do processo.
Houve ainda uma tentativa de afastamento de Delgado da relatoria. A defesa de André Vargas apresentou um pedido de suspeição, mas o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), decidiu mantê-lo no cargo após consultar os integrantes do colegiado.
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