Sônia Mossri |
Depois do cigarro, chegou a vez dos refrigerantes e bebidas alcoólicas. O Senado Federal examina projeto de lei da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) que restringe a veiculação de comerciais de refrigerantes. Pelo projeto, já aprovado pela Comissão de Educação do Senado, toda propaganda de refrigerante teria que trazer obrigatoriamente informação de que o produto pode causar obesidade e malefícios à saúde. A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir) e a Associação Brasileira das Indústria de Alimentação (Abia) se preparam para enfrentar o ataque aos comerciais de refrigerantes aumentando o lobby sobre senadores e deputados. Os produtores de refrigerantes têm motivos para se preocupar por causa da notável expansão do setor nos últimos cinco anos. O mercado brasileiro movimenta dez bilhões de litros do produto, incluindo sucos com açúcar, o dobro do que era consumido há cinco anos. Leia também O principal argumento das duas entidades é o fato do governo brasileiro não ter ratificado relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que aponta os malefícios do uso de refrigerantes, como o aumento da obesidade. Isso, de acordo com dirigentes da Abia e da Abir, seria suficiente para que o Ministério da Saúde não impusesse restrições aos comerciais, como prevê o projeto de Lúcia Vânia. As duas associações argumentam que esse relatório da OMS sobre a relação entre refrigerantes e obesidade não obteve unanimidade no organismo multilateral. Além disso, tornou-se rotina diretores de empresas de refrigerantes afirmarem aos parlamentares que um copo de suco de laranja tem mais calorias do que a mesma medida de Coca Cola ou Pepsi. A senadora Lúcia Vânia discorda: “o refrigerante tem lugar de destaque na lista de produtos alimentícios hipercalóricos e de baixo valor nutricional. O seu consumo só tem aumentado e está associado ao incremento dos índices de sobrepeso”. Para a senadora, o relatório da OMS deixa claro que a ingestão de bebidas açucaradas modifica o comportamento alimentar, provocando contínua elevação do peso. Crianças que consomem mais refrigerantes estão mais sujeitas à obesidade, de acordo com o relatório da OMS. A Abia e a Abir estão atentas à tramitação do projeto no Congresso porque avaliam que há um movimento crescente entre os parlamentares para que rótulos de produtos alimentícios e bebidas sejam mais específicos quantos aos componentes, incluindo a presença de gorduras, índices calóricos e efeitos sobre a saúde. "A população precisa ser esclarecida sobre a influência do consumo excessivo de refrigerantes na obesidade, que já se tornou um problema de saúde pública", observa a senadora. |
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