O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, disse ontem que a reeleição com a permanência do candidato no cargo é "perigosa" porque pode desvirtuar e desequilibrar uma disputa eleitoral. "Não fazia parte da nossa cultura jurídica, do nosso sistema, a reeleição", afirmou o ministro, em Recife. "Eu creio que a reeleição com a permanência no cargo se torna perigosa, em termos de desvirtuamento, de desequilíbrio até mesmo na disputa eleitoral", completou.
"Agora mesmo temos julgado no TSE representações. Antes do período da propaganda, nós já temos extravasamentos", disse. "E isso não tem sido proclamado por mim, mas pelo Tribunal Superior Eleitoral." O ministro ressaltou que a reeleição não tem relação direta com a corrupção no meio político.
Ele associa a existência de corruptos a questões culturais e à impunidade. "Infelizmente, nós não avançamos culturalmente", afirmou. "Infelizmente, vingou durante um bom período o sentimento da impunidade. Hoje não. Hoje, os que cometem um desvio de conduta são processados e apenados." O presidente do TSE afirma que as novas regras eleitorais que reduzem o custo das campanhas podem reduzir a corrupção. "De certa forma, elas afastam a fachada e homenageiam o conteúdo", afirmou, para em seguida concluir: "Com a purificação que ocorreu, nós teremos aí uma purificação das eleições. Em vez de prevalecer simplesmente a propaganda, prevalecerá o perfil do candidato".