Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reforçou denúncia oferecida pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau. Na denúncia, Janot pediu o pagamento de R$ 2,6 milhões por danos materiais e morais no âmbito da Operação Zelotes. Jucá e Gerdau foram denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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Alvo de 15 inquéritos no Supremo, sendo 8 no âmbito da Operação Lava Jato, nesta acusação Jucá é apontado por Janot como beneficiário de Gerdau, no valor de R$ 1,3 milhão, para alterar uma Medida Provisória a fim de beneficiar o grupo empresarial. Jucá foi o relator-revisor da matéria no Senado. O valor, segundo a denúncia, foi repassado por meio de doações oficiais ao diretório nacional do PMDB e ao diretório estadual de Roraima.
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De acordo com Raquel Dodge, em sua manifestação que já leva em consideração as defesas de Jucá e Gerdau apresentadas no processo, “no curso da Operação Lava Jato, descobriu-se esta nova modalidade de lavagem de dinheiro, em que a corrupção do agente político é feita por intermédio de doação formal de campanha, como contrapartida de sua atuação no parlamento ou junto ao Poder Executivo para a defesa ativa de projetos e medidas legislativas do interesse direto das pessoas jurídicas”.
O dinheiro pago ao PMDB teve como destino a campanha de Jucá ao Senado e às campanhas de seu filho Rodrigo de Holanda Menezes Jucá ao cargo de deputado estadual em 2010 e ao posto de vice-governador de Roraima em 2014.
A denúncia de Janot foi realizada ao STF em agosto, dias antes do então procurador deixar o cargo. Na ocasião, Jucá classificou a acusação como um “ato de despedida” de Janot. No entanto, Raquel Dodge afirmou, nessa terça-feira (31), que há elementos suficientes para demonstrar que os dois utilizaram o sistema de doações oficiais para dissimular a vantagem indevida a Jucá.
PublicidadeEm nota, logo após a manifestação, o advogado de Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido por Kakay, ressaltou ser “lamentável” que Raquel Dodge “continue na mesma linha de criminalizar a política”.
Leia nota do advogado na íntegra:
“Essa denúncia é a denúncia que mais demonstra a criminalização que o Janot tentou fazer da política. É algo lamentável. Não tem absolutamente nenhum indício de nada, de irregularidade, é um Senador da República tratando de assuntos com um grande empresário, assuntos absolutamente institucionais. É lamentável que a doutora Raquel continue nessa mesma linha de criminalizar a política.
Essa denúncia é um caso clássico, talvez seja uma oportunidade que eu vou ter de fazer a defesa junto ao Supremo Tribunal Federal para demonstrar os abusos evidentes que ocorriam na gestão do Rodrigo Janot e que eu esperava que fosse agora de uma forma diferente analisadas pela doutora Raquel.
Nós vamos demonstrar, não tem absolutamente nenhuma hipótese de indício de crime. Realmente é a hipótese clássica de criminalização da política, onde um grande empresário como o senhor Gerdau, trata com muita naturalidade com, talvez o senador que mais entenda de economia no Senado. Nós juntamos inclusive documentos onde o Rodrigo Janot se dirige ao senador Romero Jucá, à época presidente da Comissão de Orçamentos, onde ele faz requerimentos, como é normal que se faça a um senador da república. É lamentável”
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