O plenário do Senado aprovou, pouco mais de uma hora após aval unanime dos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o nome de Raquel Dodge para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A subprocuradora será a primeira mulher a assumir o posto de procuradora-geral da República no país. Raquel recebeu 74 votos favoráveis e apenas um contrário. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), destacou que nenhuma indicação à PGR foi eleita com a quantidade de votos obtidos por Dodge. Para aprovação de seu nome eram necessários 41 votos.
Sob elogios, Raquel Dodge é sabatinada e aprovada por unanimidade em comissão do Senado
A votação no plenário foi rápida e secreta. Antes, no entanto, Raquel Dodge passou por uma sabatina de pouco mais de seis horas na CCJ. No entanto, a subprocuradora foi cercada por elogios. Dodge assume o cargo em 17 de setembro, data em que o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixa o cargo. O mandato de procurador-geral é de dois anos e a Constituição não prevê limite para recondução.
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Caberá à Raquel Dodge, entre outras tarefas, dar continuidade às investigações da Operação Lava Jato na sua parte mais sensível: aquela que envolve a participação de políticos, em especial aqueles com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal. Encontram-se nessa situação desde o presidente Michel Temer e vários de seus ministros até dezenas de deputados e de senadores.
Na votação da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Raquel ficou em segundo lugar com 587 votos. O mais votado, com 621 votos, foi o subprocurador-geral da República Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, atual vice-procurador-geral da República. Dino, no entanto, era o mais ligado a Janot e, por isso, com pouca chance de ser escolhido pelo presidente. A ANPR apresentou lista com os três mais votados como sugestão à sucessão de Janot ao presidente Michel Temer, responsável por indicar o nome ao Senado.
Durante os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, os então presidentes se renderam à força política da categoria e não apenas seguiram a lista, como aceitaram o nome mais votado – sucessivamente, Cláudio Fonteles, Antonio Fernando de Souza, Roberto Gurgel e Rodrigo Janot. Temer quebrou o costume petista e escolheu Dodge.
Raquel Dodge é subprocuradora-geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça em matéria criminal. Integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao consumidor e à ordem econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6ª Câmara, procuradora federal dos Direitos do Cidadão Adjunta. Atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma. Atuou na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Ingressou no MPF em 1987.
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