Durante os trabalhos de coleta de adesões à Rede, Randolfe não só assinou o requerimento de criação da sigla, como posou para fotos com Marina segurando cartazes de apoio. Por meio de nota, o senador já deixa claro, ao usar o termo “desenvolvimento sustentável”, que se filiará ao partido encabeçado por Marina. Representante da Região Norte como a ex-ministra, Randolfe não esconde a admiração pela também ex-senadora, que deixou o Senado em 31 de janeiro de 2011, quando o senador chegava para seu primeiro mandato em Brasília.
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Para Randolfe, o cenário político não só brasileiro, mas mundial, requer a sondagem de novos horizontes e “[…] exige amplitude, exige multiplicidade de relações, para que se construam organizações políticas capazes de atrair jovens, intelectuais, artistas, membros do movimento social, ativistas, militantes das redes sociais e todos aqueles que possam abraçar uma agenda comum em defesa do desenvolvimento soberano e sustentável e da superação das desigualdades econômicas e sociais”. Na nota, Randolfe faz a política da boa vizinhança e garante que continuará “amigo” do Psol.
Randolfe foi o senador mais votado da história do Amapá (203.259 votos), em 2010, e é recorrentemente lembrado para disputar o governo do estado. Em sua primeira disputa eleitoral, em 1998, foi eleito deputado estadual com 1.756 votos, reelegendo-se em 2002. Em 2006, tentou novo mandato, mas não conseguiu votação suficiente para tanto. Em 2008, como candidato a vice-prefeito de Amapá, foi ao segundo turno, mas encarou nova derrota nas urnas.
No Senado, destacam-se entre seus mais recentes trabalhos a criação do CPI do HSBC, que investiga casos de evasão fiscal, e a apresentação de projeto de lei que repatria dinheiro enviado por brasileiros ao exterior sem declaração à Receita Federal. Essa proposição, aliás, foi ensejada durante as apurações da comissão de inquérito. Aos 42 anos, o senador tem mais três anos e meio de mandato a cumprir, tempo que pode ser abreviado caso Randolfe dispute e seja eleito governador do Amapá.
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O senador pernambucano radicado no Amapá vinha acumulando desentendimentos internos no partido há algum tempo, culminando com a desistência da candidatura à Presidência da República mantida até meados de junho. Oficialmente, a versão para a sua saída foi a “necessidade construir uma alternativa política contra o retorno das forças conservadoras no estado do Amapá”, como registrou nota assinada à época pelo presidente nacional do Psol, o ex-político e acadêmico Luiz Araújo. Mas o fato é que, visto como “tucano” por militantes mais radicais, Randolfe estava cada vez mais sem ambiente dentro da legenda.
Colunista do Congresso em Foco, Randolfe concedeu entrevista ao site, no ano anterior ao da posse como senador, em que defendeu mais independência para o Ministério Público. Poucas semanas depois, demonstrou ousadia ao lançar candidatura de protesto contra a reeleição do então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), seu adversário político no Amapá.
Com a saída de Randolfe, o partido passa a contar no Congresso apenas com os deputados Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Jean Wyllys (RJ), Edmilson Rodrigues (PA) e, desde a última quarta-feira (23), Glauber Braga (RJ). Com a adesão de Braga, um dos principais opositores ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a legenda passou a ter status de bancada, com os devidos direitos e atribuições.
Leia a íntegra da nota veiculado por Randolfe em seu blog:
“Caros militantes do PSOL,
A partir de hoje deixo de ser um filiado e passo a ser um amigo do partido. Tenho orgulho de ter feito parte da construção do PSOL. Um partido de lutas justas e de resistência contra os ataques aos direitos individuais e coletivos. Um partido irrepreensível do ponto de vista ético, de prática parlamentar irretocável e onde guardo uma multidão de companheiros.
No entanto, o ambiente político exige uma maior capacidade de articulação política. Exige amplitude, exige multiplicidade de relações, para que se construam organizações políticas capazes de atrair jovens, intelectuais, artistas, membros do movimento social, ativistas, militantes das redes sociais e todos aqueles que possam abraçar uma agenda comum em defesa do desenvolvimento soberano e sustentável e da superação das desigualdades econômicas e sociais.
Este é um movimento que ocorre em todo o planeta e sinto que tenho um papel a cumprir neste novo cenário. Faço isso pensando no Brasil, no meu querido Estado do Amapá e, em última instância, na melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.
Tenho certeza de que honrei minha presença no PSOL, como militante, como construtor do partido e como senador. Saio para fortalecer minhas convicções e não para abandoná-las.
Estou convicto de que, se a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, também só pode ser vivida olhando-se para frente.
Um forte abraço a todos.
Randolfe Rodrigues”
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