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O descompasso entre o Ministério do Turismo e as pastas da área econômica (Fazenda e Planejamento) incomoda parlamentares e empresários ligados ao turismo. Entidades empresariais, deputados e senadores reclamam que os recursos destinados ao financiamento da infraestrutura turística têm sido retidos pelos bancos oficiais, em nome da austeridade da política econômica. Os obstáculos na liberação do dinheiro inviabilizam as metas traçadas pelo Ministério do Turismo de criar 1,2 milhão de empregos, atrair 9 milhões de turistas estrangeiros e gerar U$S 8 bilhões em divisas nos próximos três anos, segundo parlamentares ligados ao setor. Se, há pouco mais de um ano, a principal reivindicação dos empresários era a destinação de recursos para o financiamento do turismo, hoje o problema está no acesso ao dinheiro. Nos bancos oficiais repousam mais de R$ 2 bilhões à espera de projetos relacionados à área turística. Leia também Os empresários reclamam da burocracia e da instabilidade política e econômica do país para justificarem a timidez na corrida aos empréstimos. Situação agravada, segundo eles, pela elevação da alíquota da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), de 3% para 7,6%, no início do ano. As empresas aéreas, por exemplo, denunciam prejuízo de R$ 500 milhões só nos dois primeiros meses da nova regra, que acabou com a cumulatividade do tributo, e sinalizam com aumento de tarifa e demissão em massa (leia mais). As reclamações do empresariado sobre a dificuldade na liberação do crédito serão discutidas entre diretores dos bancos oficiais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste, e o Conselho Nacional do Turismo (colegiado composto por entidades privadas e públicas ligadas ao setor) no dia 3 de junho, em Brasília. “Entre lançar o programa e fazer com que o dinheiro chegue ao investidor existe um longo caminho pela frente. Queremos entender o que está acontecendo na prática”, disse o presidente da Subcomissão de Turismo da Câmara e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Turismo, deputado Alex Canziani (PTB-PR), correligionário do ministro da área, Walfrido dos Mares Guia. Além da timidez na liberação dos recursos por parte dos bancos oficiais, o Ministério do Turismo esbarra na limitação orçamentária. No ano passado, nada menos que 80% dos R$ 180 milhões destinados ao Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) foram contingenciados. Para 2004, a previsão orçamentária é de R$ 420 milhões, dinheiro que só agora começa a ser liberado pelo Tesouro Nacional. |