O senador Fernando Bezerra, 64 anos, formou-se em engenharia civil em 1965. Logo em seguida, tornou-se presidente da Empresa de Construções Civis Ltda. (Ecocil). Dois anos depois, foi nomeado diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Rio Grande do Norte, do qual era funcionário de carreira. Dirigiu o órgão até 1971.
Nesse ano, assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, função que ocupou até 1994. Em 1995, foi eleito presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cargo do qual saiu somente em 2002.
Suplente de senador, assumiu o mandato em dezembro de 1994 quando o titular da cadeira, Garibaldi Alves Filho (PMDB), abandonou o mandato para tomar posse como governador. Em 1998, elegeu-se senador para o período 1999/2007.
Durante a era FHC, Bezerra também foi líder do governo e chegou a ser nomeado ministro da Integração Nacional por Fernando Henrique em 1999. Foi afastado em 8 de maio de 2001, depois que outra empresa da qual foi sócio, a Metasa, foi acusada, em relatório da Corregedoria Geral da União (órgão que antecedeu a atual Controladoria Geral da União, CGU), de desviar recursos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), autarquia vinculada ao ministério então chefiado pelo senador (leia mais).
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Nas eleições deste ano, Fernando Bezerra declarou à Justiça um patrimônio de R$ 7.191.397,29, o que faz dele o sexto mais rico dos candidatos ao Senado e aos governos estaduais no Nordeste. O item mais valioso dos seus bens é a participação acionária que detém na Ecocil, cujo valor declarado passa de R$ 5 milhões (leia a íntegra dos bens declarados).
Em matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 13 de maio de 2001, a Ecocil foi acusada de desviar pelo menos R$ 18,3 milhões em recursos da Caixa Econômica Federal.
A reportagem se baseou em relatório de peritos contratados pela Justiça Federal no Rio Grande do Norte. De acordo com esses peritos e a própria Caixa, o problema aconteceu entre 1989 e 1991, durante a construção parcial de 484 casas do conjunto habitacional 30 de Setembro, localizado em Mossoró, a 272 km de Natal.
As casas sob responsabilidade da Ecocil foram entregues, segundo a denúncia, inacabadas e a pavimentação do conjunto, prevista no contrato, não teria sido "sequer iniciada pela empresa".
Segundo a Caixa, o caso ainda está sub judice e os contratos foram transferidos, desde 2001, para a Empresa Gestora de Ativos (Emgea), empresa pública federal vinculada ao Ministério da Fazenda.
A assessoria de comunicação da Emgea confirmou que o caso ainda tramita na Justiça Federal, em Natal, mas disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.