Fábio Góis
Ao comentar uma das reportagens veiculadas hoje (sexta, 24) pelo Congresso em Foco, o leitor que assina Eduardo lembrou: quase 220 mil brasileiros já assinaram a petição “contra o aumento de salário vergonhoso que os nossos ilustríssimos parlamentares se autoconcederam”. Ele se refere ao reajuste aprovado por Câmara e Senado na semana passada, em tempo recorde, para os próprios parlamentares, bem como para ministros de Estado e presidente e vice-presidente da República. No apagar das luzes em plenário, o projeto de decreto legislativo aprovado aumentou os vencimentos de deputados federais, senadores, presidente e vice-presidente da República e dos ministros de Estado para R$ 26,7 mil, equiparando a remuneração dessas funções à dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
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Deputados aumentam seus salários para R$ 26,7 mil
O número de adesões caminha para o dobro do que foi registrado há menos de uma semana, quando eram 118 mil os cidadãos a rejeitar o reajuste. Às 15h30 desta sexta-feira de Natal, 218.027 pessoas já haviam subscrito o abaixo assinado, organizado pelo site Petição Pública.
O reajuste salarial de 62% autoconcedido pelos parlamentares na quarta-feira passada (15) foi aprovado por uma maioria silenciosa. Apenas oito dos 395 deputados que marcaram presença na sessão que resultou na elevação do salário, que antes era de R$ 16,5 mil, registraram voto contra a proposta. Apenas 11 se dispuseram a usar o microfone para defender o aumento. Com a “brincadeira” com os cofres públicos, cada congressista para a custar praticamente R$ 2 milhões por ano, sem que a vantagem do custo-benefício seja indubitavelmente constatada.
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Ação e reação
No dia da aprovação do projeto, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma das poucas a protestar contra aumento, lamentou ao Congresso em Foco a postura dos colegas. “É muito frustrante, embora seja uma prática que se repete a cada quatro anos”, disse Luíza Erundina, que defendeu “um reajuste razoável”, com base na inflação, como acontece com os demais trabalhadores. “Isso não justo, não é ético, não é moral.” Momentos antes, em plenário, ela advertia os demais deputados: “escondam seus broches [de identificação]”. Ela se referia à reação da opinião pública em locais como aeroportos.
“Muitos deputados já me confessaram que, em certos momentos que a gente vive na Casa, retiram o bóton porque recebem agressão. Eles [os cidadãos] generalizam. É a instituição que está em cheque”, acrescentou a ex-prefeita de São Paulo pelo PT (1989-1993).
Numa realidade em que o trabalhador comum recebeu cerca de 5% de aumento (o dos parlamentares foi de 62%), com piso salarial que será de R$ 540 em 2011, a revolta da sociedade vinha de diversos setores, como este site mostrou no último dia 21. Naquele dia, o protesto transpunha o plano virtual para a fonte de mais uma indignação, o Congresso.
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“Se vc assim como eu, está indignado, assine também, vamos chegar a um milhão de assinaturas e acabar com a festa […]”, exorta leitor Eduardo, com a grafia dos internautas, a quem esclarecemos que o corte do pronome demonstrativo e do adjetivo do final da frase, feito por questões editoriais, não compromete a eficácia da mensagem.
Proteste! Assine aqui o manifesto virtual
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