A cúpula da CPI dos Correios negocia para que o lobista Nilton Monteiro seja ouvido na próxima terça-feira (14), um dia antes do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. O lobista denunciou um suposto caixa dois gerenciado por Dimas nas eleições de 2002.
O PT pressiona para que Monteiro seja ouvido primeiro, mas a oposição é contra. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), conversaram ontem sobre o assunto.
"Não estou aqui para por obstáculos, mas eu quero um fio de lógica. Se estou dizendo que ele é um chantagista, vou trazê-lo aqui para dizer que a lista é verdadeira? Ele só virá depois do ministro Márcio Thomaz Bastos (da Justiça), disse Virgílio.
Monteiro entregou à Polícia Federal uma lista com nomes de 156 políticos, especialmente da oposição, que despontam como beneficiários de um esquema de caixa dois nas eleições de 2002 com dinheiro desviado de Furnas. O documento – supostamente assinado por Dimas, com firma do mesmo reconhecida em cartório – aponta seis integrantes da própria CPI dos Correios.
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De início, a oposição não queria nem investigar a lista, mas depois recuou, para não passar a impressão de temer as investigações. Dimas repetiu ontem em depoimento à PF que a lista é falsa. Como ele deve dizer o mesmo na CPI, os petistas querem ouvir o lobista antes.
A oposição, por sua vez, insiste em convocar o ministro da Justiça para ele se manifestar sobre a autenticidade da lista. Mas o presidente da CPI é contra a convocação. "Estamos aguardando a PF, inclusive preparando um ofício solicitando informações sobre a autenticidade ou não desse documento. É o caminho normal para esse momento", afirmou o senador.
Delcídio foi evasivo quanto à acusação do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o ex-diretor de Furnas ofereceu no ano passado R$ 1,5 milhão a seu partido, e o mesmo valor ao PT, por mês, para se manter no cargo. "Vamos aguardar, nossa intenção é ouvir o Dimas e não tomar decisões que alarguem ainda mais o horizonte de investigações da CPI", afirmou.
O discurso de Delcídio acalmou os ânimos do relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), insatisfeito com a ampliação das investigações. Ele alega que a lista de Furnas não faz parte do escopo dos trabalhos da comissão. "O que não pode é querer que apresentemos resultados. Ao mesmo tempo em que nos exigem uma conclusão, nos jogam mais material. Estamos em uma encruzilhada", reclamou.