A notícia chegou primeiramente por meio do Twitter, nas palavras da deputada Maria do Rosário (RS). “Bancada do PT reunida. Decisão é nossos 3 votos pela admissibilidade do processo contra Cunha no Conselho de Ética. Líder Sibá anunciará”, avisou a parlamentar gaúcha, exatamente às 13h45, dois minutos de a conta da bancada do PT anunciar a decisão na mesma rede social. “Bancada do PT na Câmara vai votar pela admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética”, reiterou.
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Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Paulo Pimenta (RS) também informou a decisão e avisou que “não haverá qualquer tipo de acordo que altere essa posição”. Instantes depois dos avisos nas redes, o site do partido também já estampava a decisão em sua manchete, repercutindo justamente as manifestações dos parlamentares petistas.
Ontem (terça, 1º), o presidente nacional do partido, Rui Falcão, já havia adiantado a orientação do partido durante a primeira reunião para apreciar o relatório de Fausto Pinato (PRB-SP), pela admissibilidade do pedido de cassação de Cunha feito por Psol e Rede. “Nós não temos acordo com o Eduardo Cunha. O que há são relações institucionais enquanto ele presidir a Casa. O compromisso do Partido dos Trabalhadores é com a democracia. Confio em que nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade”, registrou Falcão.
Como este site mostrou mais cedo, a situação aumenta crise política no Congresso e opõe deputados do PT ao governo, que teme a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, atribuição exclusiva de Cunha, como retaliação. Enquanto o Palácio do Planalto trabalha nos bastidores para convencer os três petistas que integram o Conselho a votar pelo fim do processo, Falcão e a maioria da bancada teme o desgaste de um partido já enfraquecido e, agora, defendem explicitamente o apoio ao andamento do procedimento legislativo.
Ameaça
A manifestação de Rui Falcão é uma resposta às notícias sobre um movimento, nos bastidores, para que Cunha fosse beneficiado no Conselho e, em contrapartida, não avalizasse processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira afirma que Cunha ameaçou deflagrar os procedimentos de afastamento presidencial caso o PT não ajude a salvar seu mandato no Conselho de Ética. De acordo com a matéria, petistas que sinalizavam votar contra Cunha discutem a possibilidade de, “em nome da governabilidade”, rever a posição e votar para enterrar o processo de cassação.
Ainda segundo a reportagem, a ameaça de Cunha foi feita em almoço com o vice-presidente, Michel Temer. Conforme o relato feito pela Folha, o deputado disse que esperaria a posição dos três petistas que participam do Conselho de Ética para, então, decidir o que fazer com os pedidos de impeachment. Temer e Cunha negaram ter discutido o assunto.
Ontem, Zé Geraldo admitiu publicamente a pressão e acusou o presidente da Câmara de ameaçar abrir um processo de impeachment contra Dilma caso o PT vote pela continuidade do pedido de cassação. Segundo ele, Cunha botou não só uma “faca no pescoço”, como uma “metralhadora” sobre a cabeça dos petistas. O deputado chegou a defender que, em nome da “governabilidade”, ele e seus colegas deveriam votar pelo arquivamento da denúncia contra o peemedebista.
Denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato na Petrobras, o peemedebista é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em março, ao dizer que jamais possuiu contas bancárias no exterior. A versão foi contraditada pelo Ministério Público do país europeu, que enviou ao Brasil provas de que o deputado e familiares não só mantiveram contas secretas em outros países, como também movimentaram milhões de dólares e francos suíços por meio delas.