Integrantes do PT na CPI dos Correios anunciaram há pouco que vão encaminhar ao Ministério Público uma representação para que o órgão examine o que foi retirado e omitido do relatório aprovado ontem pela comissão. Apesar da derrota, o partido decidiu não recorrer à Justiça para impedir que o relatório seja enviado ao Ministério Público e à Polícia Federal.
“Foram aspectos suprimidos de última hora, sem sequer dar conhecimento aos membros do plenário da CPMI, como, por exemplo, a questão das franquias (dos Correios), como questões relativas ao IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e vamos examinar possivelmente também de algumas corretoras”, disse o deputado Maurício Rands (PT-PE).
Os parlamentares petistas consideram que as supressões feitas pelo relator e que não foram divulgadas previamente, podem ter sido "a senha" para que alguns deputados aderissem ao texto. Entre outros nomes, foram retirados do documento final da CPI os de Armando Ferreira da Cunha e do ex-deputado estadual João Leite Neto, por suposto envolvimento em irregularidades com franquias dos Correios.
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Em depoimento à Polícia Federal, três sacadores das contas de Marcos Valério afirmaram que haviam repassado todo o dinheiro para João Leite, que seria o verdadeiro dono da franquia, mas que teria Armando Cunha como testa de ferro.
A CPI terminou ontem depois que o relatório feito por Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi aprovado por 17 votos a 4. A sessão foi marcada por xingamentos e trocas de acusação. O partido entrou com recurso que será analisado pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) para que a reunião seja retomada a fim de que se delibere sobre as modificações feitas no texto por Serraglio.
Apresentado ontem pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) na Câmara, o recurso petista já está na Mesa Diretora do Congresso Nacional. “Vamos analisar o recurso o mais rapidamente possível. Quero recolher todos os elementos para decidir com imparcialidade”, afirmou Renan.
A atitude do presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), de dar os trabalhos por encerrados após a aprovação do relatório sem ter aberto espaço para discussão, foi classificada pelos petistas como "antidemocrática e truculenta".