Na atual conjuntura, avalia a deputada, não há perspectivas de que um pedido de prorrogação seja pautado e, em seguida, aprovado pelos próprios membros da comissão. “Está muito claro que o PT e o PMDB estão em acordo para se beneficiar mutuamente. Tanto a nível da CPI da Petrobras quanto dentro da própria estrutura política do país”, reclama.
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Eliziane faz menção indireta a um acerto entre governistas e parte do PMDB que consistiria no salvamento do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara, em troca da não abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com as maiores bancadas, petistas e peemedebistas reúnem número suficiente para que sejam alcançados ambos os objetivos.
Cabe a Cunha, como presidente da Casa, acatar ou rejeitar requerimentos de impedimento presidencial – a maioria, no entanto, carece de fundamentação jurídica e adequação formal, o que acaba servindo como pretexto para o arquivamento. Mas há ao menos um pedido considerado viável, do ponto de vista jurídico e formal, protocolado na Câmara. O documento foi reescrito nesta semana pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, subscrito ontem (quinta, 16) com o apoio da oposição e deve ser reapresentado na próxima terça-feira (20).
Eliziane sabe que, para ter continuidade, a investigação do colegiado precisaria ter prorrogação aprovada em plenário – cenário pouco provável, uma vez que Cunha, um dos investigados, aparelhou a comissão com aliados. Entre eles o próprio presidente do colegiado, Hugo Motta (PMDB-PB), que já admitiu o encerramento dos trabalhos no prazo mínimo.
Recentemente desfiliada do PPS, Eliziane diz que o momento é propício para intensificar as atividades da comissão, e não para interrompê-la. “Começamos a ver denuncias atrás de denuncias agora, as contas do Cunha na Suíça envolvendo desvios da Petrobras. Aí a CPI acaba enquanto novos fatos ainda estão acontecendo. O ideal era ampliar o prazo para aprofundar essa investigação”, declarou a deputada ao Congresso em Foco, sinalizando que há um acordão em curso para livrar o deputado peemedebista.
Eliziane defende aos menos mais três meses para que o colegiado amplie as investigações. Assim, avalia, poderá ter acesso a depoimentos de personagens que diz considerar essenciais, como o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
“Não fizemos o que deveríamos fazer, que era ouvir esses grandes figurões. O esquema de corrupção na Petrobras se deu com pessoas de baixo e alto escalão, e nós perdemos vários dias ouvindo pessoas que não têm nenhuma força dentro do sistema, e os principais acabamos não ouvindo”, queixa-se.