Durante a reunião da bancada do PT agora há pouco na Câmara dos Deputados, começaram a ser definidos os primeiros rumos do partido depois das eleições. Uma das questões levantadas foi a indefinição sobre a presidência da legenda desde o afastamento do deputado Ricardo Berzoini (SP) motivado pelo escândalo do dossiê Vedoin. Um dos deputados que esteve na reunião revelou ao Congresso em Foco, a preocupação do líder da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP) sobre o tema.
O líder defendeu uma atitude rápida para o caso, já que o presidente em exercício, Marco Aurélio Garcia, não teria as condições ideais de defender os interesses das bancadas do PT na Câmara e no Senado junto ao Executivo, e nas tomadas de decisões do presidente Lula. Chinaglia não quis entrar nos erros do passado, mas disse que a direção partidária deveria assumir parte da culpa pelos escândalos relacionados com petistas e avaliações políticas erradas do primeiro mandato. Entre as decisões da reunião, a principal delas é o pedido de uma audiência entre um núcleo formado por parlamentares e o presidente Lula antes do final deste ano. "A prerrogativa é dele. Ele tomou a decisão e deverá saber o momento de voltar", declarou Marco Aurélio Garcia ao sair da reunião se referindo a Berzoini.
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Chinaglia esquivou-se do assunto. Disse apenas que o tema não foi tratado. Com relação a um possível encolhimento petista para dar espaço aos alidados políticos no novo ministério, o líder da Câmara ponderou que o presidente Lula terá discernimento para dialogar com o partido."Temos convicção de que o PT faz bem para o país e, portanto, faz bem para o governo", disse Chinaglia.
Ao sair da reunião, Berzoini fez questão de mostrar força e que está voltando ao seu lugar no partido. Ele revelou que esteve hoje (9) pela manhã em reunião reservada com o presidente da República."Tratamos do futuro do Brasil e do partido, mais do que isso não cabe revelar", declarou. Segundo Berzoini, mesmo depois das eleições, ainda existe uma disputa política em jogo para discutir o futuro do novo governo. O PT, disse o deputado paulista, não deve ter ansiedade por espaços no novo governo, mas não pode desprezar sua capacidade de intervenção no processo político e nas decisões do Executivo.
Em outra frente, deputados de várias correntes internas defenderam o lançamento de um candidato próprio para a eleição da Câmara, principalmente se o PMDB continuar no comando do Senado com a reeleição do atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL). "O PT reivindicar a presidência da Câmara é legítimo. Não é bom um mesmo partido comandar as duas casas", disse o deputado Marco Maia (RS), integrante do Campo Majoritário.
O petista gaúcho disse que parlamentares novos e antigos defenderam a mesma posição. Como um partido de esquerda, disse o deputado Wasny de Roure (DF), o PT não deveria defender projeto de reeleição propondo a continuidade do mandato do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCDB-SP). "A gente não tem que abrir mão da Câmara se o PMDB continuar no Senado", argumentou o parlamentar do Distrito Federal. (Lúcio Lambranho)
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