O Partido dos Trabalhadores decidiu, hoje (2), ter um candidato próprio à sucessão presidencial em 2010. Entretanto, detalhes no texto aprovado e o próprio momento político tendo em vista uma coalizão de 11 partidos não permitem concluir que essa seja uma decisão consolidada.
De acordo com a emenda aprovada no 3º Congresso Nacional do PT, que se encerra neste domingo em São Paulo, a legenda deverá liderar a coalizão que integra a atual base do governo. Os petistas querem debater um programa de governo para o mandato que começa em 2011, a partir das experiências atuais. Com isso, teriam “uma candidatura petista capaz de liderar, juntamente com outros partidos, uma ampla aliança partidária e social e vencer as eleições de 2010”.
De acordo com a assessoria da legenda, a emenda aprovada foi assumida pelas principais correntes do partido: Movimento PT, Construindo um Novo Brasil (antigo Campo Majoritário, do qual faz parte o presidente Lula), PT de Lutas e de Massas, Novo Rumo, Articulação de Esquerda, Por um PT Militante e Socialista, Redemocratizar o PT, Democratizar o Estado e a Sociedade e Mensagem ao Partido.
Sem risco
Ontem, Lula discursou e defendeu um candidato identificado com os petistas. Entretanto, não se arrriscou a dizer que se somente um membro do PT deveria ser o cabeça de chapa nas eleições de 2010. Dentro da coalizão, correm por fora diversos nomes do PMDB e do PSB, como o deputado Ciro Gomes (CE).
Ao final, o texto dá margem para que se interprete “uma candidatura petista” como um apoio a um candidato da base governista: “O PT apresentará uma candidatura a presidente a ser construída com outros partidos e, assim, formar uma aliança programática, partidária e social capaz de ser vitoriosa nas eleições de 2010, e impedir o retorno do neoliberalismo”. Segundo a Folha Online e o portal G1, essa parte do texto foi incluída posteriormente, para não desagradar os aliados.
Decidir, com firmeza, ainda em 2007, que o PT será o cabeça de chapa em 2010 poderia enfraquecer a coalizão de 11 legendas que sustenta o governo.
Internas
O PT também decidiu antecipar suas eleições internas de 2008 para dezembro de 2007. Os mandatos dos dirigentes foram ampliados de três para quatro anos. Segundo a assessoria do partido, a discussão sobre a contribuição dos filiados em 5% dos salários para o partido não tinha sido encerrada até as 12h30 de hoje.
O TEXTO APROVADO
Tática eleitoral para 2008 e 2010
Na nossa estratégia eleitoral, é fundamental que o PT construa vitórias importantes em 2008, fortalecendo nossa base política para 2010.
O PT deve se colocar como dirigente da condução do processo sucessório presidencial. Temos de preservar a coalizão governamental, aperfeiçoar e ampliar essa base de sustentação, sem esquecer a defesa intransigente dos interesses do PT, dos trabalhadores e dos movimentos sociais que nos sustentam.
O PT deve organizar um amplo processo de debate interno para formular, a partir de nossas experiências no governo federal e dos avanços até lá alcançados, um programa para o mandato 2011/2014 e, a partir dele, apresentar uma candidatura petista à sucessão de Lula, capaz de liderar, juntamente com outros partidos, uma ampla aliança partidária e social e vencer as eleições de 2010.
O PT apresentará uma candidatura a presidente a ser construída com outros partidos e, assim, formar uma aliança programática, partidária e social capaz de ser vitoriosa nas eleições de 2010, e impedir o retorno do neoliberalismo.
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Matéria publicada às 12h41 de 02.09.2007.