Em mais uma reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo sobre a onda de violência que atinge paulistanos e paulistas, o jornal diz que, diante das declarações do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, de que “gravações” mostrariam indícios de ligações entre o crime organizado e o PT, dirigentes petistas reagiram ontem e passaram a acusar as cúpulas das polícias Militar e Civil do Estado de atuar eleitoralmente a favor de Serra e do ex-governador Geraldo Alckmin.
“A cúpula da polícia de São Paulo, que não dá conta de cumprir suas funções institucionais, parece disposta a entrar na disputa eleitoral”, disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini. O PT estadual protocolou ontem notícia-crime na Justiça Eleitoral contra Serra, acusando-o de injúria, calúnia e difamação. Procurado, Serra não quis se manifestar.
“Certamente temendo o desgaste político que os eventos poderiam trazer à sua candidatura passou o sr. José Serra, em ato de nítida conotação eleitoral, a atentar contra a honra e moral do PT e de todos os seus filiados”, diz trecho da notícia-crime. Segundo a direção estadual do PT, o tucano “referiu-se a gravações e a manifestos do crime organizado que comprovariam” tal ligação.
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A matéria, assinada pelas repórteres Malu Delgado e Lílian Christofoletti, diz que o comando da PM paulista confirmou ontem à Folha a existência de grampos em conversas telefônicas do preso Emivaldo Silva Santos, o BH, um dos líderes da facção criminosa PCC. BH foi preso no dia 11 por dirigir em alta velocidade. A PM não confirma o teor das conversas nem os nomes dos interlocutores.
Grampos
Ontem, o jornal Correio Braziliense publicou reportagem em que afirma que os grampos contêm conversas de BH com sindicalistas. “A Secretaria de Segurança Pública nega a divulgação de qualquer grampo telefônico e o envolvimento com a disputa eleitoral”, informou a assessoria de imprensa à Folha.
Oficialmente, o PT diz desconhecer as gravações. Nos bastidores, chegou ao conhecimento de alguns políticos da legenda a informação de que os diálogos teriam ocorrido entre o líder do PCC com membros de sindicatos que representam os agentes penitenciários.
O ex-presidente da CUT e secretário nacional sindical do PT, João Felício, desafiou a oposição a mostrar as gravações e a apontar o nome dos supostos sindicalistas envolvidos. “Para fazer uma acusação dessa natureza é preciso ter prova concreta. Mostrem a gravação. Ou não façam uma acusação dessa natureza.”
“Em alguns momentos você tem setores do Estado e policiais fazendo o jogo político sujo. Acho que para agirem [a oposição] dessa forma leviana, se baseiam em alguma armação bem preparada”, disse Antônio Donato, vice-presidente do PT paulistano.