O líder do Psol na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), disse hoje, em entrevista ao Congresso em Foco, que seu partido "vai tomar providências" para apurar se houve irregularidade nas transações entre o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) e o presidente do Conselho de Administração da Gol, Nenê Constantino.
"Estamos aguardando o pronunciamento de Roriz e também queremos ouvir o corregedor do Senado [Romeu Tuma] sobre o assunto. Se as primeiras iniciativas não forem satisfatórias, até quarta ou quinta-feira entraremos com a representação", garantiu.
O deputado disse que o partido só não decidiu ainda se entrará ou não com o requerimento por temer que uma nova representação freie ainda mais o processo contra o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Um caso não pode obstruir o outro. Mas, como a apreciação de uma denúncia contra um parlamentar tem que ser via Conselho de Ética, teremos que recorrer ao órgão, mesmo sabendo que ele vem demonstrando sua letargia. O processo contra Renan ainda nem pegou ritmo e já tem outro caso aguardando", disse Chico Alencar.
Leia também
Ao ser questionado sobre o assunto, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) negou que haja necessidade de abertura de processo disciplinar contra Roriz:
"Se toda vez que for feita uma denúncia tiver que abrir investigação no Conselho de Ética, vamos ter que fechar o Congresso por uns dois anos só para ficar investigando", disse o senador, acrescentando que aguardará as explicações de Roriz. "Ele falou que vai se explicar, então vamos ver", afirmou
Denúncias
Em conversa telefônica gravada com autorização judicial, Roriz combina com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura, uma das pessoas presas na Operação Aquarela da Polícia Civil do DF, como será feito o transporte e a partilha de R$ 2,2 milhões. De acordo com as explicações do senador, Nenê Constantino teria recebido um cheque neste valor como pagamento pela venda de uma fazenda e Roriz teria sido encarregado de descontar o cheque, pois havia solicitado R$ 300 mil emprestado de Constantino para comprar uma novilha. A assessoria da Gol confirmou o empréstimo, mas negou a existência do cheque nominal a Nenê Constantino.
Desencadeada pela Polícia Civil do DF, a Operação Aquarela resultou na prisão de 19 pessoas em Brasília e em São Paulo por suspeita de desvio de R$ 50 milhões do BRB. A investigação está nas mãos do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que decidirá nos próximos dias se requisita ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito criminal contra o senador, que tem foro privilegiado.
Segundo o Jornal Nacional, a Procuradoria Geral da República já abriu processo para investigar Roriz. Os documentos contra ele foram enviados pelo Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do Distrito Federal. Isso porque os promotores do MPDF não têm prerrogativa para investigar autoridades com foro privilegiado, como Roriz. (Soraia Costa)
Leia também
Deixe um comentário