Autor da representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o Psol quer que o Conselho de Ética ouça o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, acusado de ser o principal articulador da máfia das obras públicas descoberta pela Operação Navalha da Polícia Federal (PF).
O pedido foi encaminhado há pouco ao presidente do Conselho, Sibá Machado (PT-AC), e inclui outra série de depoimentos. Na justificativa do requerimento, o senador José Nery (Psol-PA) lembra que a representação movida contra Renan engloba, além das relações do presidente do Senado com o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Junior, a apuração das citações do nome do peemedebista em grampos feitos pela PF na Operação Navalha.
“Este é um fato conexo e que já constava da nossa representação. Acredito que o depoimento deve sair dependendo dos fatos novos que vão se somar", afirma Nery.
O nome do presidente do Senado aparece duas vezes no documento que a Polícia Federal encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para embasar suas ações. De acordo com as investigações, Renan foi procurado para facilitar a liberação de verbas para obras de construção de canais tocadas pela empreiteira Gautama, apontada como carro-chefe do esquema, em Alagoas (leia mais).
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Em seu requerimento, Nery também pede que seja ouvido Everaldo França, assessor especial de Renan, flagrado em conversa telefônica considerada suspeita pela PF com Zuleido Veras.
O senador do Psol propõe ainda que o Conselho chame para depor algumas das pessoas que teriam comprado gado de Renan, conforme a defesa apresentada pelo presidente do Senado. São elas: o sócio-gerente da Carnal Carne, João Teixeira dos Santos; os donos da empresa MW Ricardo da Rocha, Maria Waldeci e José Acácio da Rocha; o dono do açougue Stop Carnes, Elzir de Souza Silva, e o dono da empresa GF da Silva Costa.
Também foram apresentados requerimentos para que sejam convidados pelo Conselho de Ética dois primos de Renan: Antônio Vasconcelos e Dimário Calheiros, irmão de criação do senador. Os dois movem processo contra o presidente no Senado há dois anos, no qual o acusam de ter usado indevidamente os seus nomes como laranjas em propriedades rurais em Alagoas.
Além dessa série de depoimentos, o Psol defende o aprofundamento da perícia da Polícia Federal (PF) "em caráter técnico-contábil". Outra solicitação é a verificação se os responsáveis pela emissão das Guias de Transporte de Animais (Gtas) estão credenciados junto aos órgãos competentes, segundo a instrução normativa nº 15 de 30 de junho de 2006 do Ministério da Agricultura.
O Psol teme que os dados fornecidos pela Secretaria de Agricultura de Alagoas, sob gestão de aliados de Renan, tenham sido usados para favorecer o senador peemedebista. A defesa agropecuária em Alagoas, como publicou com exclusividade pelo Congresso em Foco, foi criada apenas em janeiro do ano passado (leia mais). (Lúcio Lambranho)
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