Um grupo formado por seis deputados do Psol foi até a Procuradoria-Geral da República (PGR), na noite dessa quinta-feira (3), para protocolar uma representação contra o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. No documento, os parlamentares pedem que o órgão dê “celeridade” e “aprofunde” as investigações contra o ministro. De acordo com o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), que também assina a peça, é importante que “haja profunda investigação” sobre as citações a Padilha.
“O objetivo é ampliar as investigações sobre as informações prestadas por Yunes, amigo e colaborador de Temer. É importantíssima que haja profunda investigação, visto que os fatos incidem diretamente sobre o presidente da República e seu ministro-chefe”, afirmou.
Leia também
Padilha é um dos ministros mais próximos do presidente Michel Temer e foi citado em depoimentos de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, e de José Yunes, ex-assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer há mais de 50 anos. Cláudio Melo afirmou que o ministro foi responsável por negociar com a empreiteira uma doação de R$ 10 milhões para a campanha eleitoral do PMDB em 2014. Já Yunes declarou ter sido utilizado como “mula” por Padilha para distribuição de recursos ilícitos para campanhas eleitorais.
De atestado médico desde o dia 20 de fevereiro, Padilha foi internado na semana passada com um quadro de obstrução urinária. Após receber os primeiros cuidados médicos em Brasília, ele viajou para Porto Alegre, onde fez o procedimento cirúrgico de retirada da próstata. A previsão é que o ministro volte ao trabalho na próxima segunda-feira (6).
Na representação assinada pelos deputados Glauber Braga, Chico Alencar (RJ), Edmilson Rodrigues (PA), Ivan Valente (SP) e Jean Wyllys (RJ) e pela deputada Luiza Erundina (SP), o Psol embasa o pedido com informações que estão sendo divulgadas pela imprensa.
Citações
PublicidadeEx-ministro dos Transportes de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Padilha assumiu com desconfiança a secretaria de Aviação Civil, no governo Dilma. Deixou o governo da petista em 5 de dezembro de 2015 para articular o impeachment da ex-chefe. Pela capacidade de articulação política e pela velha amizade com Temer, virou nome natural para a Casa Civil logo após o afastamento de Dilma.
Na semana passada, o advogado José Yunes, um dos melhores amigos de Temer, contou que recebeu, a pedido de Padilha, um “pacote” em seu escritório, entregue pelo doleiro Lúcio Funaro, operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação foi prestada por Yunes em depoimento espontâneo à Procuradoria-Geral da República, e repetida exaustivamente por ele em entrevistas a diversos veículos de comunicação.
Em sua delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho disse que enviou dinheiro vivo ao escritório do advogado a pedido de Padilha. O ministro ainda não se pronunciou sobre as declarações de Yunes. Em entrevistas, Yunes disse que pode ter sido um mero “mula” e que nunca teve nada a ver com a origem nem com o destino de recursos para campanhas eleitorais.