Mário Coelho
O Psol protocolou no início da tarde desta terça-feira (30) duas representações por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL). A iniciativa foi tomada após a descoberta de que havia 665 atos secretos entre 1995 e 2009 com nomeações de parentes, concessão de benefícios e aumento de salários, entre outros casos. O partido decidiu não denunciar outros dois senadores que presidiram a Casa recentemente: Tião Viana (PT-AC) e Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Protocolados na Mesa Diretora do Senado pela presidente nacional do partido, Heloísa Helena, e pelo senador José Nery (Psol-PA), os documentos pedem que o Conselho de Ética investigue os dois parlamentares por assinarem atos secretos para criar cargos, conceder benefícios e aumentar a remuneração de apadrinhados políticos. “A obrigação do Psol é fazer o que o povo brasileiro exige. O povo brasileiro quer, diante desta nossa democracia, tão fajuta às vezes, conhecer os senadores delinquentes a sua respectiva quadrilha instalada aqui no Senado”, afirmou Heloísa Helena.
No texto das representações, o partido afirma que os atos secretos, como ficaram conhecidos pela opinião pública, “teriam sido escondidos de forma proposital pelo Senado Federal, a mando dos ex-diretores da Casa, Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi, ligados diretamente à Presidência do Senado”. Para o Psol, a criação de cargos, a concessão de benefícios e o aumento de salários beneficiaram Sarney e Renan.
No caso do atual presidente do Senado, o Psol pede a investigação da nomeação de parentes de Sarney por meio de atos secretos e do suposto beneficiamento ao neto José Adriano Cordeiro Sarney na operação de empréstimos consignados na Casa. Além disso, também quer que todas as operações de crédito descontado na folha salarial sejam analisadas.
De acordo com Heloísa Helena, as representações não foram extendidas a outros ex-presidentes nos últimos 14 anos porque uma análise dos atos secretos feita pela legenda concluiu que os mais suspeitos teriam sido assinados por Sarney e Renan. Entretanto, para José Nery, a investigação do Conselho deve abranger todo o tempo que Agaciel Maia exerceu o cargo de diretor-geral do Senado. “Não dá para analisar os fatos de hoje sem fazer uma conexão histórica. Por isso, o conselho deverá analisar todo o período de 1995 a 2009”, afirmou o senador do Psol.
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