O Psol encaminhou hoje (29) uma representação ao Conselho de Ética do Senado – que só será instalado oficialmente amanhã (30) – solicitando que o colegiado investigue as acusações de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria quebrado o decoro parlamentar ao, segundo a revista Veja, aceitar que Cláudio Gontijo, lobista da empresa Mendes Júnior, custeasse despesas da filha que o peemedebista teve com a jornalista Mônica Veloso.
A situação do senador se complicou ontem à noite. Logo depois de ele discursar tentando explicar as acusações, o advogado de Mônica rebateu algumas de suas declarações. O presidente do Congresso não apresentou documentos comprovando o pagamento da pensão entre 2004 e 2005, mas garantiu que foram feitos com seu próprio dinheiro (leia mais).
A presidente do Psol, ex-senadora Heloísa Helena, se reuniu com os três deputados e o senador da legenda pela manhã. É ela quem assina a representação, que foi baseada em reportagens publicadas pela imprensa e cita, inclusive, gravações interceptadas pela Polícia Federal que revelam uma conversa entre Renan Calheiros e Flávio Pin, superintendente da Caixa Econômica Federal detido na Operação Navalha (leia).
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“Se o parlamentar está submetido a um procedimento investigatório, é razoável o seu afastamento até as conclusões das investigações”, disse Heloísa Helena. O senador José Nery (Psol-PA) concorda: “Para o bem da investigação, [o afastamento de Renan] é uma medida apropriada. Demonstraria isenção e ele ficaria mais livre para sua defesa”. Nery reforça que a cassação do mandato de Renan Calheiros, um dos possíveis resultados de um eventual processo no Conselho de Ética, “pode ou não acontecer e dependerá da investigação”.
Durante a manhã de hoje, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) também defendeu publicamente o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado. Segundo Peres, “o Congresso Nacional está se tornando irrelevante”. “Os colegas parlamentares não estão avaliando isso”, disse.
Historicamente, contudo, o Senado é conhecido como uma Casa que dificilmente pune os seus membros quando se comete algum tipo de irregularidade. Até hoje, Luís Estevão (PMDB-DF) foi o único senador a ter o mandato cassado. (Lucas Ferraz)
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