Geraldo Magela e J. Freitas/Ag. Senado
Menos de uma hora depois de ser empossado senador, o Psol entrou com uma representação (leia a íntegra) na Mesa Diretora do Senado contra Gim Argello (PTB-DF, foto), que assumiu a vaga de Joaquim Roriz (PMDB-DF) doze dias depois de sua renúncia. Argello era seu primeiro sumplente.
Sobre as denúncias contra Argello, a representação do Psol, assinada pela presidente do partido, Heloísa Helena (foto à direita), diz: "São fatos ilícitos e com potencialidade de ferir o decoro parlamentar, como acusações de irregular uso do dinheiro público, lesão ao erário, enriquecimento ilícito e demais condutas praticadas sob o ‘manto’ da imunidade parlamentar".
Assim como Roriz, que renunciou para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar, Gim assume a vaga de senador bastante pressionado.
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Muitos amigos e correligionários de Gim Argello foram ao Senado prestigiá-lo. Acompanhando-o estavam a ex-mulher e o filho mais velho, além de assessores e o advogado Maurício Corrêa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Assim que leu o juramento, às 17h29, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), questionou o mais novo membro do Congresso. “Não estou prejulgando, queria apenas explicações”, disse, antes de elencar as muitas suspeitas que recaem sobre Gim.
“Em 2002, Gim foi acusado de ter recebido 300 lotes para facilitar a regularização do condomínio Alto da Boa Vista”, disse o tucano. E continuou: “O ex-presidente da Câmara Distrital é réu em um total de cinco ações ou inquéritos judiciais, […] incluindo a denúncia de ter provocado um prejuízo de R$ 1,7 milhão à Câmara Distrital por meio de contratos firmados na área de informática”.
Virgílio lembrou ainda que o nome do novo senador “veio à tona” na época do escândalo do mensalão e que ele também é acusado de levantar recursos para pagar juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal, beneficiando, na época, Joaquim Roriz.
“O senhor lidará comigo de maneira frontal”, falou com ele Arthur Virgílio. “Para mim, o senhor deveria subir à tribuna para se explicar.” A resposta de Gim, dos microfones do plenário, foi curta: “Não gostaria de ser prejulgado. Vou provar que não tenho culpa nenhuma. Mostrarei que não tenho nada”.
Maurício Corrêa se disse tranqüilo quanto ao caso de seu cliente. “Não há nada que impeça ele de ser senador. Conheço todos os casos”, declarou. Indagado sobre a representação do Psol, ele contemporizou. “Tudo bem, é um direito deles. O próprio Supremo diz que ‘não se pode fazer juízo de valor de ações pretéritas’ ”.
Gim Argello evitou o contato com jornalistas – seus seguranças chegaram a agredir pelo menos três. Seu assessor de imprensa afirmou que ainda esta semana ele dará uma entrevista coletiva para se explicar sobre todas as denúncias. Antes de deixar o plenário, pelo elevador privativo dentro do cafezinho do Senado, ele comprimentou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e comentou: “Estou pronto para a guerra. Cada coisa no seu tempo. Vou mostrar minha defesa contra tudo isso”.
Preocupação
A única acusação que realmente preocupa a assessoria de Argello é a suposta participação do novo senador na compra de votos dos juízes do Tribunal Regional Eleitoral do DF, em favor do titular da vaga assumida por ele, o ex-senador Joaquim Roriz. A avaliação é de que, caso o TRE-DF decida pela impugnação da chapa, já que um novo julgamento foi recomendado pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, as chances de permanência de Gim Argello são mínimas. Se Roriz for condenado por compra de votos, neste novo julgamento, o TRE-DF terá que convocar novas eleições para senador no Distrito Federal. (Lucas Ferraz e Lúcio Lambranho)
Última atualização dia 17.07.2007 às 18h52
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