“São denúncias graves, de desvio de recursos públicos para a campanha petista, e que precisam ser apuradas. O mínimo que se espera é que todos os envolvidos deem explicações convincentes. A Petrobras é um patrimônio dos brasileiros e, pelo visto, também foi vítima do modus operandi petista – de usar recursos públicos em benefício próprio”, declarou, em nota, o líder tucano, Carlos Sampaio (SP).
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O partido também pretende convidar o lobista e o presidente da Petrobras na época, José Sérgio Gabrielli, a prestarem esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa.
Citado por João Augusto, o tesoureiro da campanha de Dilma, deputado José de Filippi Júnior (PT-SP), disse à revista que o lobista não participou da arrecadação petista e que não o conhece. Apontado como operador do PMDB, João Augusto disse que cobrava um pedágio dos empresários que se interessavam em firmar contratos na área internacional da Petrobras.
PMDB
De 60% a 70% do dinheiro arrecadado tinham como destino o PMDB. Os principais beneficiários, segundo ele, eram os peemedebistas mineiros, como o atual ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, João Magalhães (PMDB-MG). Parte dos recursos era utilizada para enriquecimento e outra parte para bancar campanhas eleitorais, afirma o lobista.
O pedido dos tucanos também é baseado em outra reportagem, da revista Veja, que sugere que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski interferiu no sumiço de pareceres técnicos que recomendavam a reprovação das contas do PT na época do mensalão e da campanha de Dilma. “Há muita fumaça nessa história, muito mistério sobre as contas petistas”, diz Carlos Sampaio.
Sob pressão
As novas revelações tornam ainda mais tensas as relações entre petistas e tucanos. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) defende a instalação de uma CPI na Câmara para apurar denúncias de cartel e corrupção no metrô de São Paulo. O assunto ainda divide os petistas. O Ministério Público de São Paulo determinou a abertura de uma série de investigações sobre o caso por haver “fortes indícios e fortes evidências” da prática dos crimes de formação de cartel e de fraudes em licitações do metrô e trens no estado durante as gestões de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.
Reportagem publicada neste fim de semana pela revista IstoÉ conta que os tucanos paulistas foram alertados pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas sobre as irregularidades há cinco anos. O governador Geraldo Alckmin sustenta que só agora tomou conhecimento do caso.