A denúncia do chamado "mensalão mineiro" continua a incomodar a 9ª Convenção Nacional do PSDB. Em meio aos debates sobre o futuro do partido e as pretensões para as eleições de 2010, tucanos têm de interromper a discussão para explicar o envolvimento do senador Eduardo Azeredo (MG) num esquema de desvio de dinheiro nas eleições de 1998, no qual, segundo o Ministério Público, também participou o ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia. O evento definirá hoje (23) o senador Sérgio Guerra (PE) como novo presidente nacional do PSDB.
Questionado se a ausência do senador afetaria o encontro do partido, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, voltou a defender a “integridade” de Azeredo. “Não acho que a ausência dele vai atrapalhar. Tenho um respeito enorme pelo Eduardo, o conheço ao longo de sua vida pública. É um homem de bem, respeitado no estado, é legitimado pelos mineiros – tanto que teve uma votação enorme para Senado”, ressaltou.
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Segundo Aécio, o senador não terá problemas em provar sua inocência. “É um percalço da vida. Ele vai ter que enfrentar isso com serenidade, e acho que vai enfrentar com serenidade, adequadamente. Tenho plena confiança na honorabilidade do senador Eduardo Azeredo. Agora, numa nova etapa, ele sai da esfera política e entra na jurídica, e, se a denúncia for acatada, ele vai se defender com tranqüilidade”, completou Aécio.
Deixando de lado as questões "problemáticas" abordadas durante o encontro, Aécio falou brevemente sobre o papel de seu partido no cenário político contemporâneo. "O PSDB tem um grande mérito, uma grande virtude: é um partido que perdeu duas eleições presidenciais e não deixou de ser a principal alternativa de poder no Brasil, e isso é muito importante", disse o governador, que ressaltou a atuação da militância não só durante o Congresso, mas também nas administrações estaduais.
"Nós temos que ter a noção de nossa responsabilidade para com país e, de alguma forma, mobilizar nossa militância, nossa base para o embate que vai vir por aí", adiantou, referindo-se às eleições municipais do ano que vem e, num prazo maior, às presidenciais.
Discurso ensaiado pelos caciques tucanos, o caráter de "unidade" dos líderes, membros e millitantes da legenda também foi sublinhado por Aécio. "Quis dizer duas coisas ontem: fortalecer a unidade do partido e a noção clara de que podemos construir uma grande aliança em torno do PSDB; e apresentar um novo e grande projeto para o Brasil", enfatizou.
Enquanto o governador mineiro atendia à imprensa, uma claque de militantes tucanos entoava palavras de ordem e seguia para o auditório (ouviu-se, entre outras frases, “Minas avança, Aécio é liderança!”), onde estão reunidos os demais caciques da legenda. Os militantes pediam a candidatura de Aécio nas próximas eleições presidenciais. Nesse sentido, nada foi ouvido em favor de José Serra ou Geraldo Alckmin, outros dois presidenciáveis do partido que também participam do Congresso.
Novo presidente
O senador Sérgio Guerra (PE), que deve assumir hoje a presidência do partido, também saiu em defesa de Azeredo.
"Isso [a acusação de envolvimento no mensalão mineiro] não é coisa nova. Temos a convicção de que o senador Eduardo Azeredo é uma pessoa honesta, e que saberá se defender e provar sua inocência. Ainda não esta nada provado, vamos ver o que acontece”, defendeu.
Quanto ao cargo de presidente da legenda, Guerra disse ao Congresso em Foco que irá encarar com entusiasmo o novo posto.
“Vamos fazer muita coisa. O partido tem muita vontade, esse Congresso mostrou isso. Eu percebo, no Brasil todo, muita energia, muita gente querendo contribuir. Nós temos é que encontra os meios de fazer com que todas essa gente seja mobilizada, envolvida, no sentido positivo, na estrutura e na forma de o partido funcionar”.
Alckmin
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou há pouco que vê com entusiasmo o encontro nacional dos tucanos. “Este encontro fortalece a base partidária, fortalece a alma do partido, cria uma democracia interna, torna as decisões mais abertas e participativas.”
Defrontado com a questão da CPMF, um dos assuntos mais explorados pela imprensa junto aos tucanos, Alckmin fez críticas à alta carga tributária brasieira. “Nós estamos tendo aumento de carga tributária ininterrupta no país, e o que a gente vê é uma gastança enorme. O governo não tem uma medida de eficiência nos gastos públicos, de economia, uma adaptação específica com o dinheiro público”, declarou.
Segundo ele, as mudanças a serem impostas ao tributo, como redução na alíquota e isenção para algumas faixas salariais, trará três “benefícios imediatos” para o Brasil. “Estimular a reforma tributária – nós tivemos um verdadeiro ‘manicômio’ tributário –, tornar o sistema mais eficiente para gerar emprego e renda; apertar o cinto do governo: mais eficiência no gasto público, austeridade; e, em terceiro, o crescimento da economia: emprego, salário, as pessoas com mais dinheiro, mais consumo, para a economia poder crescer”, declarou.
“O foco tem que ser o cidadão, não o governo. O importante é o povo, que é mais importante que o Estado. A população brasileira está sendo escorchada, trabalhando seis meses por ano para sustentar desperdício”, disse Alckmin, que elogiou com entusiasmo a escolha do senador Sérgio Guerra (PE) como novo presidente do partido.
“É uma pessoa preparada, que conhece o partido. Ele foi o coordenador da minha campanha para presidência da República. Foi uma escolha muito acertada, ele vai fazer um bom trabalho”, disse Alckmin ao Congresso em Foco. Sérgio Guerra, que faz discurso neste momento, será nomeado hoje presidente nacional da legenda. Ele disse que a escolhida 1ª vice-presidente do partido, a senadora Marisa Serrano (MS), "é uma mulher de liderança" na política brasileira. (Fábio Góis)
Matéria atualizada às 13:49.
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