Fábio Góis
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), declarou hoje (quinta, 28) que os tucanos que assinaram a PEC que abre caminho para um terceiro mandato do presidente Lula serão submetidos a julgamento na executiva nacional do partido. A Secretaria Geral da Mesa divulgou há pouco a relação dos 183 deputados que assinaram a PEC, apresentada hoje por Jackson Barreto (PMDB-SE). Na lista estão registrados cinco nomes do PSDB e dez do DEM. Os tucanos são: Antônio Feijão (AP), Carlos Alberto Lereia (GO), Eduardo Barbosa (MG), Rogério Marinho (RN) e Silvio Torres (SP).
“Quem é o do PSDB e faz uma coisa dessa não é do PSDB. [Quem tiver assinado] vai para a executiva do partido”, afirmou o senador tucano, ressalvando que caberá aos membros da cúpula tucana uma eventual expulsão, ou mesmo uma punição mais branda. “Não sei se poderão ser expulsos. Quem decide não sou eu.”
De acordo com a Secretaria Geral da Mesa, também apoiaram a proposta os deputados do DEM Betinho Rosado (RN), Clovis Fecury (MA), Félix Mendonça (BA), Fernando de Fabinho (BA), Francisco Rodrigues (RR), Jerônimo Reis (SE), Jorge Khoury (BA), José Carlos Vieira (SC), José Maia Filho (PI) e Walter Ihoshi (SP). O nome de Edmar Moreira, que se desligou recentemente do partido, também figura na lista como se ainda fizesse parte da bancada.
Hoje (quinta, 28), o deputado peemedebista Jackson Barreto (SE) leu no plenário da Câmara uma proposta de emenda à Constituição que, caso seja aprovada pelo o Congresso (PECs precisam de dois turnos de votação na Câmara e no Senado), permitirá que o presidente Lula, os governadores e os prefeitos reeleitos tentem um terceiro mandato.
Confira a íntegra da PEC do Terceiro Mandato
Jackson Barreto argumenta que o terceiro mandato serviria para “manter a estabilidade” do país, especialmente em momentos de crise. “A população terá consciênca no momento de dar o voto a um candidato buscando um possível terceiro mandato”, opinou.
Dizendo que a reeleição para presidente foi “mal-sucedida” no Brasil (a única vez em que isso aconteceu na história da República foi com o colega de partido Fernando Henrique Cardoso), Sérgio Guerra diz preferir uma ampliação de mandato para presidente, mas não imediatamente aplicável. “Uma ação despropositada nos leva a uma ação parecida com a do presidente Hugo Chavez, na Venezuela: mandatos eternos que se perpetuam sob o controle de uma estrutura partidária cada vez menos democrática, de um presidente messiânico.”
Admitindo admirar a trajetória “bonita” do presidente Lula, o senador disse não acreditar que o petista aceite o “golpe” da terceira gestão consecutiva. “Isso é estória de puxa-saco.” O tucano disse ainda que o presidente Lula “se deu bem com a democracia”, e que por isso não deve aceitar um eventual terceiro mandato.
“Eu nunca fui amigo do presidente, mas o conheço. Durante muitos anos [Lula] disputou eleições, aceitou a derrota. É alguém que saiu de pernambuco para ser presidente do Brasil”, elogiou Sérgio, conterrâneo de Lula. “É a biografia dele: um homem pobre que saiu de lá e construiu uma das vidas eleitorais e políticas mais bonitas da América do Sul.”