Já reduzida pelas urnas nas eleições de 2010, a oposição vai diminuir ainda mais com a chegada do Partido Social Democrático (PSD) na Câmara. Levantamento do Congresso em Foco a partir das informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de integrantes do novo partido mostra uma sensível redução na trincheira oposicionista. Um em cada cinco deputados das principais legendas contrárias à presidenta Dilma Rousseff vai entrar na agremiação recentemente criada, que iniciará com uma bancada de 48 deputados, a terceira maior da Câmara, ao lado do PSDB.
A criação do PSD tem consequências de terra arrasada nos quadros da oposição ao governo Dilma Rousseff. A análise dos números divulgados sobre as filiações ao novo partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, mostra quanto a oposição sai perdendo com a criação do PSD. Atualmente com 110 deputados no exercício do mandato, os partidos que se opõem à presidenta cairão para somente 87 parlamentares, uma queda de 21%. O DEM, partido ao qual antes estão filiados os principais caciques do novo partido, é o maior prejudicado: perde 16 integrantes no exercício do mandato, além de outros três licenciados. Considerando-se uma tendência governista do PSD e a possibilidade de o PR voltar à base aliada, a coalizão de Dilma Rousseff na Câmara pode chegar a ter 426 deputados, ou 83% da Casa, mais do que suficiente para aprovar qualquer matéria, inclusive emendas constitucionais.
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Após o DEM, quem mais perde é o PSDB. Atualmente com uma bancada de 52 parlamentares, o partido dos tucanos cairá para 48. É o mesmo número que o PSD terá quando passar a existir na Câmara. Apesar de o TSE ter autorizado o funcionamento do partido em 29 de setembro, a bancada ainda não está composta na Casa. A Secretaria Geral da Mesa aguarda as informações da Justiça Eleitoral e dos próprios integrantes para poder fornecer estrutura de funcionamento para a nova sigla. Proporcionalmente, quem mais perde da oposição é o PPS, que cai de 12 em atividade para nove.
Veja quem são os deputados que foram para o PSD
Depois de autorizar o funcionamento, começaram as inscrições ao PSD. Em 7 de outubro, terminou o prazo de filiação para quem pretende concorrer a um cargo nas eleições de vereadores e prefeitos do próximo ano. A cúpula do partido ainda tentou prorrogar esse período até o fim do mês, mas o pedido foi negado pelo TSE. No caso dos deputados que não pretendem concorrer, porém, os 30 dias estão mantidos.
Na próxima quarta-feira (26), haverá o ato de implantação das bancadas do PSD na Câmara e no Senado. O líder informal da legenda, Guilherme Campos (SP), enviou um e-mail para os novos filiados e assessores convidando para o evento. Ele mantém a lista com os nomes do PSD no bolso. Mas quando é preciso, recita os nomes de cor. Previsto para começar às 14h, no auditório Petronio Portela, no Senado, o evento deve reunir as principais lideranças pessedistas.
Base
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em setembro, o PSD nasce aliado de 18 dos 27 governadores e, na maior parte dos casos, ainda tende a segui-los nas eleições das capitais. O arco de alianças não tem preconceitos: vai do PT ao DEM, passando por PSB, PSDB e PMDB. A legenda criada pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab será independente em cinco Estados, inclusive São Paulo, e no Distrito Federal. Estará na oposição em apenas três.
No Congresso, o partido deverá começar como independente. Em entrevista ao portal UOL e ao jornal Folha de S. Paulo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse que o PSD terá orientação de centro com liberdade de voto para seus deputados. “Hoje eu posso lhe afirmar, até porque era essa a minha posição inicial que acabou prevalecendo, que o partido é de centro e que haverá liberdade de seus deputados para votar projetos”, afirmou Kassab.
Atualmente, a base governista tem 361 deputados em exercício. A oposição conta com 110 – formada por DEM, PPS, PSDB e Psol – e 42 são considerados independentes. Mantida a configuração, os aliados do Palácio do Planalto também perdem força. Caem para 340 parlamentares, 21 a menos do número atual.
Porém, se o PSD entrar na barca governista, a presidenta Dilma Rousseff terá 388 deputados, aproximadamente 76% do total de cadeiras da Câmara. Hoje, ela tem 70% da Casa. Apelos não faltarão. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que pretende convidar o novo partido para as reuniões semanais do governo. “A criação do PSD é o maior fenômeno político do ano em termos partidários”, disse, em 29 de setembro. O convite chegou a ser feito para o líder informal na Câmara e foi negado.
Levantamento
Na quarta-feira (19), o TSE começou a divulgar os nomes dos novos filiados aos partidos políticos brasileiros. Do PSD e do PPL (Partido da Pátria Livre) – os novatos –, as relações entraram na base de dados somente na sexta-feira (21). De acordo com a assessoria da corte, ocorreu um problema no sistema de informática do tribunal. O programa usado para incluir as listas não reconhecia o partido recém-criado. A partir desses dados, o Congresso em Foco fez um cruzamento com as atuais bancadas da Câmara, incluindo suplentes e deputados licenciados.
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